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Tópico: Trabalho
Editorial
Os mitos patronais e a crua realidade
20 Março 2012
As confederações patronais parecem querer inaugurar um novo discurso: “Não falemos de crise, falemos do futuro”. Concordante, o ministro das Finanças procura animar a malta com prognósticos de recuperação económica para 2013.
Mas a realidade vai-se impondo: a Peugeot-Citroën de Mangualde encerrou um turno de laboração e mandou para a rua 350 trabalhadores de uma assentada; a Carris vai reduzir as carreiras e com isso despede 100 motoristas (além de aumentar os passes sociais); a construtora Soares da Costa foi autorizada pelo governo a despedir 940 trabalhadores (mesmo depois de ter ultrapassado o limite legal para o efeito); a privatização dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo põe em risco os seus 600 trabalhadores; no Arsenal do Alfeite, praticamente inactivo, teme-se igualmente pelos postos de trabalho; dezenas de milhares de empregados da indústria hoteleira e de operários da construção civil estão ameaçados de despedimento por falência das empresas.
Esta é a realidade que o discurso dos patrões e do governo não pode mudar, mas quer disfarçar.
Estado espanhol: milhão e meio nas ruas
13 Março 2012
Muitos milhares de trabalhadores (milhão e meio segundo os sindicatos) manifestaram-se dia 12 em dezenas de cidades do Estado espanhol, contra a brutal reforma das leis laborais que o patronato e o governo de Mariano Rajoy querem impor às classes trabalhadoras. As manifestações, convocadas pelas centrais sindicais Comisiones Obreras e UGT, foram fortemente participadas em Madrid, Barcelona, Valência, Bilbau, Sevilha e várias outras cidades. As mesmas centrais sindicais, que apelaram à mobilização dos trabalhadores para a greve geral marcada para o próximo dia 29, exigiram ainda que o governo se sente à mesa das negociações, condição sem a qual não se disporão desmarcar a projectada greve.
Lutas de empresa: dois casos
Urbano de Campos — 10 Março 2012
As grandes manifestações sindicais, a greve geral de Novembro passado e outras acções massivas de rua, como as dos jovens, expressam a indignação que vai nos trabalhadores e na população atingida pela austeridade. O mesmo se espera da greve geral marcada pela CGTP para 22 de Março. Mas a fraca e esporádica resistência que se pode observar nas empresas, ditada sobretudo pelo medo de represálias, cria um estado de divisão e de falta de confiança que debilita a resposta dos trabalhadores.
Este estado geral tem no entanto excepções que merecem ser divulgadas e evidenciadas. Dois casos de lutas recentes mostram que o caminho da resignação e da derrota não é obrigatório: a paralisação do pessoal da manutenção da TAP, em Lisboa; e a luta vitoriosa dos trabalhadores da Cerâmica Valadares, em Gaia.
A quem serve a via seguida pela UGT?
Urbano de Campos — 23 Fevereiro 2012
É patético o esforço que João Proença tem feito para demonstrar as “vantagens” para os trabalhadores – e para o movimento sindical, como ele não se cansa de sublinhar – do aval que, por sua mão, a UGT deu à política do governo PSD/CDS no acordo firmado, em final de Janeiro, à sombra da famigerada “Concertação Social”. Na verdade, ninguém vê onde está a vantagem de assinar por baixo medidas de despedimento mais fácil e mais barato, menores subsídio de desemprego, mais horas de trabalho não pagas, menos dias de férias, etc. A evidência é outra: no ambiente de catástrofe e de corrupção em que o país vive, o governo e os patrões compraram, a custo zero, o voto da UGT para que o assalto aos bolsos dos trabalhadores pudesse parecer coisa consentida.
Há que lutar! O MV na manifestação de amanhã
10 Fevereiro 2012
O Mudar de Vida, com a sua faixa “Contra o Capital”, vai participar na manifestação de amanhã, 11 de Fevereiro, em Lisboa, convocada pela CGTP. Convidamos os amigos e leitores do MV a reunirem-se na Praça dos Restauradores, junto ao elevador da Glória, pelas 14h30.
À margem dos intermináveis debates travados no parlamento ou nos meios de comunicação, o dia a dia dos trabalhadores torna-se um inferno mantido debaixo de silêncio. O Capital desencadeou uma guerra de classe contra o Trabalho. Isto exige do Trabalho nada menos do que uma guerra de classe contra o Capital. O movimento laboral, com destaque para o movimento sindical, precisa de uma capacidade de resistência acrescida, em número de lutas e em dureza – ao nível das medidas de terror que desabam sobre os trabalhadores. Só o medo pode fazer recuar os patrões e o governo.
Editorial
Só lutando
3 Fevereiro 2012
Contra todos os anúncios do governo e dos propagandistas da situação, nem 2012 será o final da crise, nem 2013 o início da “recuperação”. Quem desconfiasse das vozes oficiais, já o sabia; mas agora são os próprios a dizê-lo.
Os oráculos do grande capital europeu dizem à boca cheia que Portugal não conseguirá cumprir o plano da troika e que vai precisar de novo “acordo” – significando isso medidas ainda mais brutais contra os assalariados.
Em consonância, o Banco de Portugal prevê uma profunda recessão e desemprego recorde, confirmando o caminho sem retorno do capitalismo português numa Europa em declínio e sugerindo o meio do costume: mais “austeridade”.
O governo admite que o défice teima em não baixar e, pelo processo da “fuga de informações”, sonda a reacção da opinião pública a novas penalizações sobre o trabalho.
A metade pobre dos EUA
Fred Goldstein, WW / MV — 28 Janeiro 2012
Em Novembro último, o New York Times publicou os dados sobre a pobreza nos EUA, baseados num novo método de cálculo, e avançou que 100 milhões de pessoas, uma em cada três, eram pobres. O número foi chocante. No mês seguinte, a Associated Press revelou que 150 milhões, cerca de uma em cada duas pessoas, era pobre ou “quase pobre”. Isto foi ainda mais chocante. É da relação entre o aumento da pobreza e o crescimento capitalista que fala o artigo de Fred Goldstein, publicado em 21 de Dezembro no jornal Workers World.
Que rumo para a luta sindical na resposta à ofensiva capitalista?
Urbano de Campos — 23 Janeiro 2012
A ofensiva capitalista não tem dado descanso aos trabalhadores e, globalmente falando, as medidas que favorecem o patronato têm sido sucessivamente postas em prática. A resistência, portanto, não tem sido suficiente para travar o ataque. Mas reconhecer isso não significa considerar inútil a resistência que tem sido movida nem declarar o óbito dos sindicatos. Pelo contrário, a renovação da luta de classe dos trabalhadores implica reconhecer que tem sido ela, apesar de todas as fraquezas, a única a fazer frente, de forma continuada, aos ataques patronais. Longe de considerar ultrapassada a actividade sindical, acho que ela precisa de ser incrementada e renovada como luta de classe.
CGTP convoca manifestação para 11 de Fevereiro
15 Janeiro 2012
A CGTP anunciou que vai convocar uma manifestação nacional, a realizar em Lisboa, para o dia 11 de Fevereiro. Sob o lema “contra o medo e a resignação”, a manifestação tem por objectivo protestar contra o aumento do horário de trabalho, a carestia, o desemprego e os cortes nos salários.
Cresce a vaga de lutas
Manuel Raposo —
Os anúncios de fim da crise e de retoma económica estão a revelar-se como uma burla mais cedo do que se esperaria. A virtude da austeridade mostra ser apenas a de reclamar mais austeridade. Os resultados estão à vista, escassos dias depois da aprovação do Orçamento do Estado: mais défice que servirá para justificar mais medidas punitivas dos trabalhadores. Só uma resposta pode trazer resultados úteis: a luta de todos os sectores atingidos.