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31 Dezembro 2024
Tópico: Sociedade
Não, o vírus não é democrático
Urbano de Campos — 30 Junho 2020
O aumento significativo de contaminações por covid-19, sobretudo na região de Lisboa, não parece ter muitos segredos: ele está a dar-se nas zonas de concentração de trabalhadores. Muitos deles nunca deixaram de trabalhar, nem mesmo durante o estado de emergência. Construção civil, áreas logísticas dos grandes abastecimentos, fábricas, transportes públicos são os focos e os veículos de transmissão. E as vítimas são, sublinhe-se, trabalhadores, muitos deles de sectores vitais, a quem o teletrabalho não contempla.
A imprensa no turbilhão da pandemia
Urbano de Campos — 16 Abril 2020
No dia 2 deste mês, directores de jornais e revistas lançaram um apelo público contra a difusão electrónica, que se tornou geral e aumentou com as medidas de confinamento, das edições desses mesmos jornais e revistas. Chamam eles “pirataria” e “crime” a essa difusão, que acusam de pôr em causa a “sustentabilidade da imprensa em Portugal”. Juram bater-se por “informação credível” e pela difusão dos “melhores conteúdos”. E explicam aos leitores que “Para conseguirmos manter a qualidade precisamos da sua colaboração no combate à pirataria”. A colaboração que pedem aos leitores resume-se a isto: se querem ler, paguem.
A Europa, falecida de coronavírus
António Louçã — 11 Abril 2020
O body count de vítimas do novo coronavírus ainda vai longe do fim, mas entre as mais proeminentes destaca-se a União Europeia. A certidão de óbito, sem se assumir ainda como tal, foi emitida pela reunião do Eurogrupo de 9 de Abril, ao aprovar o pacote de medidas para responder à pandemia. Com isso, disseram os ministros da Finanças europeus, pretendiam lançar uma boia de salvação aos países que se debatem para não ir ao fundo. Se era uma boia, era de chumbo. Quem levar com ela, mais depressa se afoga.
Um detonador da crise potenciado pelo lucro
Claudio Katz (*) — 3 Abril 2020
A crise económica mundial aprofunda-se a um ritmo tão vertiginoso como a pandemia. Já ficou para trás a redução da taxa de crescimento e a travagem brusca do aparelho produtivo chinês. Agora, caiu o preço do petróleo, colapsaram as Bolsas e o pânico instalou-se no mundo financeiro.
Há quem sugira que o desempenho aceitável da economia foi abruptamente alterado pelo coronavírus. Também estimam que a pandemia pode provocar o reinício de um colapso semelhante ao de 2008. Mas nessa ocasião foi imediatamente visível a culpa dos banqueiros, a gula dos especuladores e os efeitos da desregulação neoliberal. Agora, só se discute a origem e as consequências de um vírus, como se a economia fosse mais um paciente afectado pelo terramoto sanitário.
As sanções matam. O crime compensa
Urbano de Campos — 27 Março 2020
Um representante do governo dos EUA, Brian Hook, afirmou em 20 de Março passado que a política norte-americana de “pressão máxima” sobre o Irão “é para continuar”. Rejeitava assim apelos que têm sido dirigidos aos EUA (pela China, pela Rússia e mesmo pelo Reino Unido) no sentido de levantar ou aliviar as sanções aplicadas ao Irão, em face especialmente da pandemia do covid-19. Em vez disso, uma nova carga de sanções foi anunciada na semana passada pelo governo de Trump.
A crise viral à luz da crise do capital
Manuel Raposo — 24 Março 2020
Vai ser fácil atribuir ao coronavírus a crise económica que está em curso. Os propagandistas de serviço já lhe chamam “a crise do covid-19”. Mas, como em química, é preciso distinguir os reagentes dos catalizadores. A emergência criada com a epidemia viral veio apenas precipitar o que já se desenhava e que os observadores mais atentos previam desde, pelo menos, há meses.
Requisição civil. Agora é a vez dos capitalistas
António Louçã — 12 Março 2020
Quando fazem greve os enfermeiros, os professores,os estivadores, os motoristas de matérias perigosas, foi-se tornando um hábito acusá-los de irresponsabilidade, por negarem ao conjunto da sociedade a prestação de serviços essenciais. E, vai daí, o Governo tem usado e abusado da definição de “serviços mínimos” (na verdade máximos), e tem mesmo recorrido à requisição civil contra os e as grevistas. A pandemia do novo coronavírus coloca na ordem do dia a necessidade de aplicar uma requisição civil verdadeiramente em prol da sociedade toda, desta vez contra os capitalistas que querem manter os negócios de sempre ou tentam mesmo aproveitar-se da emergência para fazer negócios de ocasião.
Justiça: isto não vai com limpa-nódoas
Manuel Raposo — 10 Março 2020
A preocupação de Catarina Martins com a má imagem da Justiça chega a ser comovente. Em vez de ver nos casos de corrupção recentemente revelados a ponta de um iceberg, o espelho de um mal de fundo, o exemplo prático de um sistema que funciona para os poderosos, que é manipulado pelos poderosos — em vez disso o BE esforça-se por ajudar a limpar a nódoa que ficou a descoberto.
Eutanásia: pela livre decisão de cada um
Urbano de Campos — 2 Março 2020
Como é bom de ver, o que esteve em causa na discussão sobre a despenalização da eutanásia não foi o “direito” de matar alguém, mas sim o direito de cada um decidir sobre a sua própria vida em situações limite. Tão só. A mistificação que sobre isso se fez, por parte de igrejas e confissões religiosas diversas e de organizações políticas, só mostra o propósito de tais forças manterem a sua tutela moral sobre cada um dos cidadãos.
O vírus do capitalismo
António Louçã — 10 Fevereiro 2020
Será preciso assentar a poeira para se entender quais, na discussão sobre a pandemia do coronavírus, são afirmações cientificamente comprováveis e quais são apenas instrumentais para manter o business as usual do capitalismo. Uma coisa é certa: as enérgicas medidas de emergência que qualquer autoridade de saúde pública teria tomado imediatamente para travar a contaminação foram inibidas pela ponderação dos danos que causariam aos lucros dos accionistas de companhias aéreas, de multinacionais da área do turismo e entretanto já de quase todas as outras.