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Tópico: País
O sabre e o aspersório
Manuel Raposo — 23 Novembro 2021

Pode dizer-se que a mais velha aliança do mundo é a aliança entre a força militar e o poder religioso — concretamente, no Ocidente católico, a união entre as Forças Armadas e a Igreja. Georges Clemenceau, na sua campanha para separar o Estado da Igreja, em França, no começo do século XX, tê-la-á referido como a santa aliança do sabre e do aspersório. Portugal tem nesse campo uma experiência tão antiga quanto a da sua fundação como país: desde as conquistas territoriais contra o Islão durante quase dois séculos, passando pelas aventuras coloniais e a formação do império com o seu cortejo de barbaridades ao longo de mais de 500 anos, até às guerras coloniais do século XX.
Ponto de mira
O que mostra a crise governativa?
Editor — 30 Outubro 2021
A crónica das discussões sobre o OE22 pode resumir-se em três breves temas: o finca-pé do governo na sua política de sempre, o manobrismo oportunista do presidente da República, e a relutância da esquerda parlamentar em fazer um balanço explícito dos seis anos passados de aliança com o PS.
Tirando isto, só um àparte de comédia: tal como no ano passado, PSD e CDS quiseram à viva força que o Orçamento — por eles considerado “o pior de sempre” — fosse, ainda assim, aprovado pela esquerda, para sossego próprio e do mundo dos negócios. Fica entendido em que consiste a sua preocupação com “o país”.
As autárquicas, o OE e a guerra na direita
Manuel Raposo — 16 Outubro 2021

A queda da votação no PS nas eleições autárquicas é sinal de que se está a esgotar o caminho estreito que António Costa iniciou em 2015, primeiro com o apoio formal do BE, do PCP e do PEV, depois com os apoios negociados para cada Orçamento do Estado nos anos seguintes. É esta mudança de condições políticas que permite entender não apenas os últimos resultados eleitorais, mas também as ameaças de chumbo do OE por parte da esquerda parlamentar, e ainda a guerra pela liderança que estalou nos maiores partidos da direita.
Tempestade na Armada, agitação em terra
Urbano de Campos — 8 Outubro 2021

A barafunda à volta da substituição do Chefe de Estado Maior da Armada teve a curiosidade de ter posto à vista de todos os bastidores do poder e os jogos de força que aí se travam, normalmente na sombra dos gabinetes. Como a polémica estalou (pela mão dos principais intervenientes, sublinhe-se) e não pôde ser escondida, pudemos assistir tanto ao incómodo como ao manobrismo das distintas forças políticas, e até aos mimos com que se tratam quando está em causa uma parcela, pequena que seja, do poder. O caso foi ainda pretexto para um ensaio de doutrina criadora sobre o respeito devido às Forças Armadas, como adiante se verá.
Ponto de mira
A ilusão do poder local
Editor — 24 Setembro 2021
As autarquias e as eleições autárquicas vivem de uma ilusão: a de que existe um poder local capaz de responder às necessidades das populações e de fazer frente ao poder central. A amostra da presente campanha eleitoral desmente tudo isso. O que está em jogo é a actual hegemonia do PS, a incapacidade do PSD para se lhe opor, a sobrevivência do CDS, a força do BE e do PCP para imporem condições ao Governo, o crescimento da extrema-direita. Tudo questões de âmbito nacional que colocam as autarquias e os eleitos na dependência do peso que cada partido obtiver no conjunto do país.
A omissão da direita na crise ambiental
Urbano de Campos — 22 Setembro 2021

A direita só por arrasto vem à discussão sobre as alterações climáticas e a destruição ambiental. Os mais fiéis representantes do capitalismo pressentem que o assunto toca fundo no mecanismo de produção da riqueza e, consequentemente, no domínio burguês sobre o mundo. Toca na própria economia capitalista — no primado da concorrência e da iniciativa individual sobre o planeamento social, no desperdício e na depredação de recursos que tal implica — e por isso aponta para os limites do capitalismo como modo de produção e como sistema de organização social.
Autárquicas. A utilidade de votar
António Louçã — 12 Setembro 2021

Não há nestas eleições nenhum partido, coligação ou lista de cidadãos que, recebendo o voto dos e das cidadãs, possa garantir que os assuntos municipais ficam em boas mãos. As boas mãos são as nossas e só com elas poderemos impedir a corrupção do poder local e o pendor autocrático do poder central. Mas quem queira lutar não deve alhear-se das eleições, que são um momento entre outros dessa luta.
Afeganistão, NATO, UE, Portugal
Urbano de Campos — 31 Agosto 2021

Uma cena caricata decorreu há dias (27 de agosto) no aeroporto de Figo Maduro, à chegada dos militares portugueses que estiveram em Cabul para ajudar a retirar refugiados afegãos colaboradores das forças da NATO. O “destacamento”, integrado no contingente espanhol, era composto por quatro militares que foram enviados ao Afeganistão por 72 horas e que trouxeram consigo 24 afegãos, famílias incluídas. A recebê-los, o ministro da Defesa e o presidente da República com os discursos vazios que se ouvem sempre nestas ocasiões.
Tanta casa e tanta falta de casa
Urbano de Campos (com D.R.) — 7 Agosto 2021

Estudo recente de uma seguradora britânica coloca Lisboa como a segunda mais barata cidade da Europa ocidental para comprar casa. Melhor que Lisboa só Bruxelas. Em termos médios, o custo de um apartamento em Lisboa fica por 227.750 euros, cerca de 4.500 euros por metro quadrado. Estes valores só por si dizem pouco, mas já dizem mais quando se entra em conta com dois outros factores: o custo médio de vida e o salário líquido por mês. O estudo permite ver que, entrando com estes dados, Lisboa se torna, para os portugueses, a mais cara do ranking das 15 cidades analisadas.
Homenagem a Otelo Saraiva de Carvalho
Manuel Raposo — 28 Julho 2021

A bitola para avaliar politicamente os militares do 25 de Abril (como qualquer outra pessoa) não é a posição que eles tomaram acerca do derrube da ditadura naquela madrugada de 1974. Sobre isso houve um largo “consenso nacional” que ainda hoje perdura no essencial: a ditadura estava podre e acabada e a guerra colonial perdida. A boa bitola é a posição perante o movimento popular que irrompeu logo a seguir ao golpe militar, que surpreendeu os próprios militares e subverteu o país de norte a sul. Foi esse o revelador que fez ver que nem todos os gatos eram pardos.