Tópico: País

Uma dívida que não é nossa, uma guerra que não queremos

Editor — 13 Outubro 2022

Quer o Orçamento do Estado quer o “acordo de rendimentos” firmado há dias na Concertação Social consagram a perda de poder de compra dos trabalhadores diante da inflação. Nem os salários são aumentados ao nível da carestia, nem a especulação com os preços é travada. Esta espoliação marca a linha política do Governo e mostra — para lá de todas as “ajudas” e de todo o palavreado — quais as classes sociais que o Governo sacrifica no altar da crise económica.


Afinal, quem promove o fascismo?

Manuel Raposo — 30 Setembro 2022

Dilacerada por enormes tensões internas mal disfarçadas, a União Europeia abeira-se da desagregação

Cem anos depois de Mussolini ter chegado ao poder, o fascismo volta a governar a Itália. A vitória anunciada de Giorgia Meloni não mereceu, ao longo de semanas, quaisquer comentários da parte dos líderes europeus, parecendo que todos eles encaravam o caso, não só como inevitável, mas também como normal e aceitável. Apenas nas vésperas do dia da votação a porta-voz dos eurocratas, Ursula von der Leyen, resolveu lançar um aviso, tão inútil como estúpido, brandindo a ameaça de sanções se os novos governantes de Itália não se comportassem pelas regras de Bruxelas. 


Circo sem pão

Editor — 15 Setembro 2022

Ainda nos falta suportar quase uma semana de reportagens até ao funeral de Isabel II. O ror de horas de transmissões televisivas, o batalhão de repórteres vestidos de luto especialmente enviados para debitarem todas as banalidades, as louvaminhas a uma aristocracia absolutamente corrompida, a convocação de testemunhos bacocos sobre as finuras do protocolo ou as virtudes da monarquia — tudo isso junto é revelador do estado de morte cerebral das classes dominantes do país. Mas é também o circo com que contam distrair a populaça (por quanto tempo?) da guerra, do abismo económico, da degradação da vida diária, da falta de futuro.


Ministro dos fardamentos

Urbano de Campos — 3 Setembro 2022

Cravinho: uma irrepreensível fidelidade, até nas palavras, aos dirigentes imperialistas

O ministro dos Negócios Estrangeiros, João Gomes Cravinho, fez questão de ir a Kiev no dia da independência da Ucrânia, a 24 de agosto. Falou com Zelensky depois de, dizem as notícias, ter de se refugiar num bunker devido a uma ameaça de bombardeamento. Este episódio excitante valeu-lhe um rasgado elogio de um comentadorzeco da CNN Portugal pela “coragem física” demonstrada… Resultados da visita, segundo Cravinho: manifestar apoio a Zelensky (pela enésima vez) e receber de Zelensky um pedido de fardamentos novos. Só isso?


O estado da nação: omissões de um debate

Urbano de Campos — 28 Julho 2022

Pobreza atinge 20% da população portuguesa. Um terço tem emprego estável. Só 13% não têm emprego

António Costa e o Governo saíram por cima no debate parlamentar sobre o estado da nação. Não foi difícil. Apesar de todas as críticas, as diversas oposições não beliscaram o nervo da situação presente: a calamidade que atinge as classes trabalhadoras em resultado da crise económica e da guerra. Com efeito, não é “o país” em geral — como se tornou cómodo dizer na linguagem de consenso das lides parlamentares — que é fustigado, mas sim as classes mais pobres, mais penalizadas e mais desprezadas da sociedade. 


Cimeira da Nato: marco histórico, diz o governo

Manuel Raposo — 10 Julho 2022

António Costa, João Cravinho. O governo português insiste em manter-se do lado errado da história

A cimeira da Nato, realizada em Madrid em final de Junho, não podia ser mais explícita sobre o papel da Aliança na defesa dos interesses dos EUA. A unanimidade que dela saiu não esconde o facto de as decisões aprovadas serem em tudo ditadas pelos propósitos norte-americanos de combater a influência crescente da China e da Rússia, arrastando para mais essa aventura os aliados que se deixarem levar.


Os valores do Ocidente

Editor — 3 Julho 2022

Os dirigentes europeus e norte-americanos esforçam-se por apresentar a guerra na Ucrânia como uma frente de batalha pelos valores democráticos e de liberdade, e até morais, do Ocidente. Zelenski e as tropas ucranianas estariam a “defender-nos” de uma vaga de obscurantismo e de autoritarismo vinda do Leste, protagonizada pelo regime russo de Putin e, de forma mais dissimulada, pelo regime chinês de Xi Jinping. Depois de terem tornado a guerra praticamente inevitável, é sob esta capa que justificam o esforço para prolongar o conflito, avisando as populações de que terão de suportar todos os sacrifícios durante o tempo que for necessário.


EUA, Reino Unido: mate-se o mensageiro

Editor / Consortium News — 13 Junho 2022

Extraditar Assange nada tem a ver com justiça: é pura decisão política

O calvário de Julian Assange prossegue nas prisões do Reino Unido, sob ameaça de extradição para os EUA. A decisão de o colocar ou não nas mãos da polícia norte-americana está agora dependente da ministra britânica do Interior Priti Patel depois de os tribunais terem primeiro negado e depois autorizado a extradição. A questão está assim plenamente no campo político, nada de bom se augurando tendo em vista a ligação, unha com carne, do governo britânico com o poder norte-americano. 


Voltemos a falar de fome

Editor — 1 Junho 2022

De Bruxelas, António Costa manifestou-se “preocupado” com o nível “elevadíssimo” da inflação em Portugal, relacionando a situação com o “preço elevado que toda a Europa está a pagar” pela guerra. Sublinhou que o factor principal do aumento dos preços é o custo da energia. Costa tinha acabado de sair duma reunião com os seus pares europeus em que foi aprovado o corte das importações de petróleo russo, decisão esta que de imediato causou nova subida dos preços da energia a nível mundial.


Nem mais um tostão para a Nato!

Urbano de Campos — 27 Abril 2022

Abril 74: o povo saiu à rua. Cada euro de despesa militar a mais será um euro a menos no lado dos trabalhadores

A guerra na Ucrânia está a servir de pretexto aos governantes e poderes públicos nacionais para criarem na população uma atitude resignada de aceitação do aumento dos gastos com as Forças Armadas. Primeiro o ministro da Defesa do anterior governo, antecipando-se mesmo ao Orçamento do Estado, depois a ministra da Defesa do novo governo e o próprio primeiro-ministro, agora o presidente da República — vieram dar como inevitável o aumento do orçamento militar e apresentar como inquestionável o empenhamento do país na guerra.


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