Tópico: Editorial

Eleições

3 Junho 2009

A sequência de eleições que aí vem é uma temporada óptima para fazer crer que as respostas à crise económica e social estão nos programas dos partidos concorrentes. E que para curar os males do país basta escolher “bem”.
Ora, se em tempo de negócios normais as eleições não têm a virtude de fazer valer os interesses da massa trabalhadora, em tempo de descalabro económico ainda menos. Toda a propaganda dominante, com efeito, vai no sentido de sugerir “medidas”, propor “alternativas”, penalizar “más políticas” – sugerindo que o êxito na “resposta à crise” é uma questão de competência.


Que resposta?

21 Abril 2009

Existe resposta revolucionária para a crise actual? A pergunta tem de ser posta quando se toma consciência da profundidade da crise que o capitalismo mundial atravessa e quando, ao mesmo tempo, se verifica que o poder do capital não está a ser abalado na sua base política. Sem uma resposta dirigida para enfraquecer o poder, o capital fica com toda a margem para reedificar, com mais uma dose de violência, o mecanismo de exploração, cobrando pesados juros à massa trabalhadora.


A primeira medida

13 Março 2009

Uma operária com 54 anos, acabada de ser despedida, dizia à televisão em Fevereiro: “A empresa fecha, mas não fecha por minha culpa, que eu sempre dei mais do que podia”. É um resumo exacto da situação em todo o país: depois de ter sido sugada até ao tutano, a massa operária é atirada para o lado à medida que o capital se retira esperando a ocasião para novas aventuras lucrativas.


O capital que pague

6 Fevereiro 2009

Sejamos claros: é a classe operária que sofre em primeiro lugar, e acima de todas as outras, o desgaste da crise. Basta ver as notícias e os números dos despedimentos. E o grosso dos apoios do Estado exclui precisamente os que mais sofrem com a situação.
Não é de espantar: para os capitalistas, sair da crise é forçar os assalariados a produzirem mais valor por cada euro de capital investido. Ignorar isto é ignorar tudo.


Sem ilusões

23 Dezembro 2008

A ideia da presidente do PSD de suspender a democracia por seis meses para se poder fazer “reformas verdadeiras”, foi atacada pelos adversários como uma falta de sentido democrático, foi disfarçada pelos adeptos como uma “ironia” e foi motivo de piadas por parte dos humoristas. Em todos os casos, o assunto foi tratado como uma questão da pessoa de Ferreira Leite.


Os termos do confronto

20 Outubro 2008

Os meios políticos e capitalistas nacionais começaram por fazer crer que a crise era “americana” e que o sistema financeiro português não iria sofrer grandes danos. Agora, que a recessão é dada como certa, aproveitam a mundialização da crise para justificar a deterioração das condições de vida dos trabalhadores. A afirmação do ministro da Economia de que acabou “o mundo de prosperidade (?) em que vivemos durante 10 a 15 anos” é um primeiro sinal de uma nova ofensiva sobre o trabalho a coberto das “dificuldades”.


Não perder forças

8 Setembro 2008

As grandes manifestações da CGTP no último ano e meio e as iniciativas de protesto das populações foram a face mais consistente da oposição à política do governo.
Crescentemente, as movimentações tomaram como alvo o governo. Foi isso que muitos dos 250 mil manifestantes de 5 de Junho expressaram ao gritar “governo para a rua”.


União a golpe

26 Junho 2008

O Tratado Constitucional europeu é um passo na unificação política do capitalismo do Velho Continente. Três pontos são chave: criar o cargo de presidente da União; designar um ministro dos Negócios Estrangeiros; e revogar as regras de decisão a favor dos centros capitalistas mais poderosos.
A Europa dos patrões precisa desta couraça institucional para enfrentar os seus competidores mundiais; e para disciplinar as centenas de milhões de trabalhadores que o esbater de fronteiras vai colocando lado a lado.


Cavaco e os jovens

29 Maio 2008

Afinal, o desinteresse dos jovens pela política, que tanto incomodou Cavaco Silva, era fácil de resolver. Bastou um encontro no Palácio de Belém com uns quantos dirigentes das “jotas” do leque partidário, mais uns escuteiros, para que o PR se mostrasse “confiante quanto ao futuro do sistema democrático”, uma vez que os ditos dirigentes – todos eles, como se calcula, perfeitos representantes da juventude sem trabalho, com empregos precários, excluída das escolas, vivendo em bairros de lata – lhe prometeram contribuir para a “melhoria da qualidade” do sistema político.


Ontem e hoje

24 Abril 2008

O número 7 da edição em papel do Mudar de Vida sai um ano após o primeiro exemplar, experimental, do jornal. Iniciada a publicação regular em Outubro, temos mantido uma informação de ritmo diário na versão electrónica; e trouxemos para a rua sete edições mensais em papel.
Pelas reacções dos leitores, a aposta tem sido bem sucedida. Mas seria ingénuo pensar que o MV está consolidado.