Tópico: Economia

Como eles extorquem os trabalhadores

Pedro Goulart — 7 Janeiro 2012

mala-cheia.jpgA Sociedade Francisco Manuel dos Santos, liderada por Alexandre Soares dos Santos e detentora maioritária do Grupo Jerónimo Martins (proprietário dos supermercados Pingo Doce), mudou para a Holanda a sua participação neste Grupo. Não o confessando publicamente, fê-lo, porque considera que na Holanda o Fisco lhe é mais favorável que em Portugal, pagando menos imposto sobre os dividendos das operações internacionais, evitando uma dupla tributação dos investimentos previstos na Colômbia e tendo menos incerteza quanto a eventuais alterações (previsão de um novo aumento de impostos?) da legislação portuguesa.
Esta operação de Alexandre Soares dos Santos traduziu-se na venda de mais de 350 milhões de acções do Grupo Jerónimo Martins, num total de quase 4.600 milhões de euros, transferindo para a Holanda um valor que representa quase o dobro daquele entrado em Portugal através do investimento na EDP dos chineses da Three Gorges.


Dito

4 Dezembro 2011

O objectivo dos bancos é facilitar os negócios, e tudo o que facilita os negócios favorece a especulação. J.W.Gilbart, banqueiro (1794-1863)


De bandeja

25 Novembro 2011

Depois da entrega em bandeja do BPN ao BIC por 40 milhões (custou mais de 4 mil milhões!) seguiu-se a venda da Groundforce da TAP à belga Aviapartner por 3 milhões (que tinha custado 30 milhões). Enquanto o governo anda a vender Portugal aos bocados quase a custo zero, as pequenas empresas, que empregam 80% dos trabalhadores, agonizam sem financiamento bancário e acossadas pelo terrorismo fiscal. FB


Um orçamento brutal, a caminho do liberalismo económico puro e duro

Pedro Goulart — 26 Outubro 2011

vgaspar.jpgCorte nos subsídios de Natal e férias dos funcionários públicos e dos pensionistas, acréscimo do trabalho não pago (por via de mais meia hora de trabalho diário e de cortes nos feriados), forte alteração na estrutura do IVA, subida do IMI e do IRS, menos dinheiro para a saúde (menos 710 milhões de euros) e educação (menos 864 milhões de euros), estes alguns dos mais brutais ataques aos trabalhadores e ao povo inscritos no OE para 2012.
O Orçamento de Passos Coelho vai muito mais longe que as exigências da troika no esbulho de parte significativa do rendimento das classes trabalhadoras e do povo, pretendendo reduzir os custos de contexto do trabalho e, assim, aumentar a taxa de mais valia extorquida pelos capitalistas. E visa, também (outro dos vectores principais da actuação do governo), alterar substancialmente o peso relativo dos chamados sectores público e privado. Nomeadamente nos campos da saúde, educação e segurança social, sectores onde as medidas gravosas mais se fazem sentir.


Pôr os ricos a pagar, isso é que não!

Manuel Raposo — 1 Outubro 2011

ricosepobres.jpgTem a sua graça ver como os ideólogos do capitalismo e da desigualdade de classes se esforçam por arranjar argumentos contra o, agora tão falado, imposto sobre os ricos. Há o argumento básico: “Cuidado que os ricos fogem com o dinheiro, e ainda é pior”. Mas há quem procure razões mais elaboradas. É o caso de João Carlos Espada (Público, 29 Agosto) que adopta o tom de quem vai “aos fundamentos” para chegar ao mesmo resultado: os ricos pagarem a crise, nem pensar.


As grandes fortunas e o seu reverso

Manuel Raposo — 10 Agosto 2011

amanifberni.jpgO despedimento em massa e a quebra dos salários são os aspectos mais destacados do processo de empobrecimento do trabalho. O seu contraponto está no aumento colossal da riqueza de uma pequena parcela de capitalistas que, no decurso da crise, concentram capital e, consequentemente, poder.


O regabofe

22 Novembro 2010

Foi dito que 630 mil portugueses estão com dívidas aos bancos. Porque é que o Banco de Portugal e o ministério das Finanças não divulgam a evasão fiscal e as dívidas da banca ao Estado? Se o Banco Central Europeu empresta dinheiro à banca a 1%, porque é que a banca empresta depois a Portugal a mais de 6%? É a especulação capitalista defendida pela partidocracia PS/PSD/CDS. Os serventuários do capitalismo sabem que a execução do orçamento para 2011 vai ser uma fraude porque o sistema financeiro não vai pagar os impostos devidos ao Estado. FB


É o tempo dos canalhas

6 Novembro 2010

Pululam nos meios de comunicação os conselhos sobre boas práticas de poupança. Há dias, o economista para todo o serviço Camilo Lourenço moralizava, numa emissora de TV, dizendo que “todos” temos de nos convencer a gastar menos. E deu logo ali o seu próprio exemplo: “Ainda ontem fui a um restaurante japonês e paguei 30 euros; ora, posso perfeitamente jantar num restaurante comum e gastar apenas 10 euros”… Já sabem, caros desempregados, pensionistas e beneficiários desse luxo que é o rendimento social de inserção, sigam o exemplo do Camilo Lourenço: não escolham restaurantes japoneses e poupem 20 euros em cada jantar.


Extorsão financeira

4 Outubro 2010

Apesar da “crise”, os bancos a operar em Portugal continuam a fazer bons negócios. Vejamos apenas um deles. Há uma regra que impede que o Banco Central Europeu (BCE) empreste dinheiro directamente aos Estados. Assim, e enquanto os investidores estrangeiros se afastam de Portugal, a banca financia-se junto do BCE a taxas de juro de 1% e empresta depois ao Estado (investindo em dívida pública), assim como às empresas e famílias, a taxas bastante mais altas. Só ao Estado português já emprestou mais de 10 mil milhões de euros a taxas que variam entre os 4 e os 6%, arrecadando no negócio cerca 500 milhões de euros.


Como a Banca se impõe ao Estado

25 Julho 2010

o-poder-da-banca.jpgEnquanto aumentam os impostos sobre os trabalhadores, diminuem os impostos sobre a Banca. Em 2009, a taxa efectiva de impostos sobre lucros paga pela Banca baixou para 4,3%. Estes dados, contidos num estudo do economista Eugénio Rosa, não provocam surpresa pois já numerosas vezes tem sido denunciado o papel privilegiado da Banca no contexto do capitalismo. Mas ajudam a perceber como o processo de financiarização do capitalismo português, tal como sucede mundialmente, coloca o capital financeiro no centro da actividade económica do país. Decorre daí a obediência dos governos aos interesses da banca e dos meios da finança. E a satisfação desses interesses traduz-se numa colossal transferência de riqueza da população trabalhadora para o capital.