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5 Novembro 2024
Tópico: Economia
Alípio, o figurante
3 Abril 2009
Alípio Dias, que foi Ministro das Finanças de Pinto Balsemão, vice-governador do Banco de Portugal e, mais recentemente, administrador do BCP, não passou, segundo a sua defesa jurídica no processo que a CMVM lhe moveu por falsas declarações, de “um simples figurante” no “filme” realizado neste banco. Sendo responsável pela área da recuperação de crédito, não conhecia os offshores das Ilhas Caimão nem o tipo de relação que tinham com o BCP. Além do mais, apunha as suas assinaturas (utilizadas com “propósitos menos dignos”) em documentos importantes, apenas na base da confiança. Tal como Dias Loureiro, esta gente se não fosse mentirosa seria seriamente incompetente.
Cooperação?
2 Abril 2009
A Lactogal, a maior empresa de lacticínios da Península Ibérica, paga ordenados entre os 410 mil e 900 mil euros aos seus administradores. Mas os produtores de leite, que recebiam 30 cêntimos por litro, vão passar a receber agora apenas 26 cêntimos (perdem 4 cêntimos por litro). Isto, a pretexto do decréscimo verificado na procura de leite. Quer dizer, a “crise”, aqui também, é só para a produção! Para uma empresa que funciona segundo a “lógica cooperativa”, este aumento do fosso entre os rendimentos dos administradores e os rendimentos da produção ajuda-nos a melhor compreender algumas das mistificações e contradições do capitalismo.
Alegria no trabalho
25 Março 2009
Num recente debate promovido pelo PSD, o patrão da Sonae, Belmiro de Azevedo, afirmava: “Não basta estudar, é preciso estudar, começar às sete ou oito da manhã e terminar quando o trabalho estiver feito”. E a propósito da necessidade de formação dos trabalhadores, defendendo-a, diz, contudo, que “em alguns casos nem implica nada de mais: para certos empregos basta ser simpático e sorrir, não é preciso nenhum curso universitário”. Trabalhar muito, ganhar pouco e, ainda por cima, manter-se alegre, parecem ser as condições necessárias para se merecer um emprego, segundo Belmiro de Azevedo. Por que será que isto nos faz lembrar a salazarenta Alegria no Trabalho?
Corrupção e capitalismo de mãos dadas
Pedro Goulart — 20 Março 2009
Ao contrário do que alguns possam pensar, a corrupção não é um fenómeno desligado do sistema capitalista. Tal como a crise, a corrupção é inerente ao próprio sistema. E, também ela, contribui para a reprodução deste. Só que, em alturas de agudização da crise política e/ou económica, há acontecimentos que vêm mais à superfície, que assumem mais relevo do que habitualmente teriam.
Bons e maus offshores
Pedro Goulart — 15 Março 2009
Falando na cimeira de Bruxelas, o ministro das Finanças Teixeira dos Santos referiu-se aos offshores reconhecendo que “a bem da transparência e da própria estabilidade dos mercados financeiros internacionais, estaríamos bem melhor se não tivéssemos essa realidade pela frente”. Mas, logo a seguir, o ministro considerou também que, “se não existisse a zona franca da Madeira, essa realidade ocorreria noutras praças ou noutros offshores, necessariamente não transparentes”. E, como que para nos sossegar o espírito, tentou dar a garantia de que “nós na Madeira ainda temos capacidade de supervisionar, ainda há regras, ainda há informação”.
Prisões privadas e acumulação
6 Março 2009
Na Pensilvânia, EUA, os juízes Ciavarella e Conahan, que estão a ser julgados por corrupção, num processo que ainda decorre, consideraram-se culpados por terem recebido 2,5 milhões de dólares dos proprietários de prisões privadas, em troca da condenação à prisão de cerca de 2 mil crianças que, muitas vezes, nem sequer tinham acesso a qualquer advogado. A privatização das prisões nos EUA nas últimas décadas transformou o que era encargo do Estado num chorudo negócio capitalista alimentado com dinheiros públicos. Pelos vistos, tanto aos proprietários das prisões, como aos juízes, não faltou a tal iniciativa privada tão necessária à acumulação de capital e de riqueza pessoal.
A crise e as medidas do governo PS
Pedro Goulart — 4 Março 2009
Recentemente, e sob a capa da crise, o governo/CGD presentearam o capitalista e especulador Manuel Fino com, pelo menos, 60 milhões de euros. Para muitos, tal constituiu escândalo, mas acho que não têm razão. Tratou-se, antes, de um acto normal (só que este foi mais às escâncaras) de um governo cujo papel é a defesa e a gestão dos interesses do sistema capitalista. E, aqui, quem mais ordena é mesmo o grande capital.
Governo/CGD “ajudam” Manuel Fino
23 Fevereiro 2009
O empresário Manuel Fino pedira à Caixa Geral dos Depósitos muito dinheiro para compra de acções. Como a especulação desta vez correu para o torto, o empresário deu à CGD 10% das suas acções da Cimpor, à conta da dívida. Só que as acções valiam no momento 244 milhões de euros e a CGD adquiriu-as por 305 milhões, dando a M. Fino uma prenda de mais de 60 milhões. Mais: a CGD não pode vender as acções durante 3 anos, mas o empresário pode recomprá-las. Se o valor continuar abaixo do preço de compra, perde a Caixa; se o valor tender a subir, M. Fino pode comprá-las e ganha de novo. Na “resolução da crise”, aqui, como em outros exemplos, é clara a opção do governo PS pelo grande capital.
Dias Loureiro mente
16 Fevereiro 2009
Dias Loureiro, ex-ministro de Cavaco Silva e actualmente Conselheiro de Estado, comprovadamente mentiu quando foi ouvido na Assembleia da República sobre o seu envolvimento no caso SLN/BPN. Negou desconhecer o fundo (Excellence Assets Fund), veículo de um negócio ruinoso em Porto Rico, que causou um prejuízo de 38 milhões de dólares à SLN/BPN, afirmando peremptoriamente que não fora ele quem fizera tal negócio. Verifica-se, agora, com documentos, que Dias Loureiro interveio por duas vezes, assinando quer o contrato-promessa quer a finalização do negócio de Porto Rico. Como diz o ditado popular, cesteiro que faz um cesto faz um cento, se lhe derem vimes e tempo.
Flores de Gaza, lucro de Israel
Carlos Simões — 13 Fevereiro 2009
Após 20 meses de bloqueio, Israel permitiu a exportação para a Europa de 25 mil cravos provindos de Gaza. Desde a eleição, em Junho de 2007, do movimento Hamas para governo da autoridade palestiniana que Israel e Egipto, com o apoio dos Estados Unidos da América e da União Europeia, impuseram uma proibição à entrada e saída de bens da Faixa de Gaza. Alimentos, combustível e medicamentos, sejam mercadorias ou ajuda humanitária, são inspeccionados e confiscados na fronteira. Durante a breve trégua do Outono de 2008, Israel permitiu movimento de bens, mas o seu volume manteve-se abaixo de 3% dos valores de 2007.