A Nato, o problema é a Nato!

Urbano de Campos  — 15 Junho 2023

Zelensky com Stoltenberg. A próxima cimeira da Nato não vai seguramente abrandar o esforço de armar a Ucrânia e tentar desgastar a Rússia

A próxima cimeira da Nato (Vilnius, Lituânia, em meados de julho) não vai seguramente abrandar o esforço de armar a Ucrânia nem rever o propósito, abertamente proclamado, de desgastar a Rússia. Ao contrário, todo o ambiente criado vai no sentido de alargar o alcance geográfico da Aliança, de amarrar ainda mais os países europeus às prioridades militares e políticas norte-americanas, de estabelecer um clima de guerra permanente como o “novo normal” da vida dos povos, seja na Europa, seja no resto do mundo.


10 de Junho, espelho de dois regimes

Manuel Raposo — 9 Junho 2023

Diário Popular, 13 Junho 1978. Funeral de José Jorge Morais morto pela PSP em 10 de Junho quando protestava contra uma manifestação fascista

O fascismo português comemorava o 10 de Junho sob uma designação bem expressiva: “Dia da Raça”, em exaltação dos feitos coloniais e da supremacia branca e, a partir de 1961, como suporte ideológico e político da guerra colonial. O regime democrático converteu a mesma data na evocação de uma mítica comunidade de língua e de cultura de raiz portuguesa-europeia, na tentativa de — nessa base superficialmente comum a vários povos e geografias — restaurar laços políticos e interesses económicos que as guerras de libertação colonial tinham combatido e rompido. As comunidades portuguesas emigradas tornaram-se pretexto, veículo e palco dessa diplomacia de veludo. Sobretudo, nada de acordar os fantasmas do colonialismo e do fascismo.


A extorsão dos países dependentes

Editor / Xin Ping — 28 Maio 2023

Paul Singer, magnata da Elliott Capital Management, especialista em extorsão em qualquer parte do mundo

O “mistério” da pobreza recorrente dos países dependentes, ou das suas sucessivas insolvências, fica mais claro quando se entende o mecanismo de extorsão sistemática praticada contra eles pelo capital imperialista. A grande finança tem neste processo um papel determinante. Debaixo da designação respeitável de “fundos de investimento” abrigam-se verdadeiras equipas de profissionais do crime organizado (dotadas de especialistas de toda a natureza: jurídica, financeira, política…) que avaliam as presas e decidem quando e como as atacar. Merecem por isso a designação mais justa de fundos abutres.


Crise financeira sobre fundo de guerra

Manuel Raposo — 14 Maio 2023

13 de março. Polícia controla acesso ao SVB. Clientes correram a levantar depósitos após colapso do banco.

Desde começos de março, quando faliu o Silicon Valley Bank, repetem-se as declarações dos poderes públicos afiançando a segurança do sistema financeiro norte-americano e europeu. Os factos, porém, mostram que as ameaças de falências persistem sem que os remédios produzam as melhoras desejadas. De facto, os avisos que apontam para um mal de raiz afectando todo o sistema financeiro ocidental, e possivelmente mundial, afirmam sem sombra de dúvida que o problema ultrapassa em muito os colapsos até agora verificados. 


Primeiro de Maio. Romper o bloqueio

Editor  — 5 Maio 2023

Maio 2023. Pintura mural feita a partir de foto duma manifestação espontânea de jovens em Abril de 1974

Falemos dos últimos 48 anos, decorridos desde o fim do PREC em novembro de 1975.

De governo em governo, o ataque aos trabalhadores foi sempre aumentando. Não obstante a resistência das greves, dos protestos e das manifestações, apesar do esforço de militantes, de sindicalistas e activistas diversos, esta evolução não pôde ser invertida. O curso dos acontecimentos contribui para espalhar a ideia de que não há alternativa à força do capitalismo, dos patrões, dos políticos que os servem.


25 de Abril. Onde estamos, o que fazer?

Editor — 27 Abril 2023

25 de Abril, Lisboa

As grandes manifestações que desfilaram por todo o país mostram que milhares e milhares de pessoas não desistem das esperanças que o 25 de Abril trouxe. Os incidentes parlamentares, o fiasco dos anunciados protestos fascistas ou as trocas de galhardetes partidários tiveram, como sempre, mais eco nos média do que as vozes populares. É mesmo assim — trata-se da marca do regime, por mais que os seus protagonistas se revistam de capas democráticas. Mas isso só mostra a distância que separa os milhares que, por vontade própria, saíram à rua daqueles que, engravatados, se dizem seus representantes.


A guerra, para além das armas

Editor / Dominique Delawarde — 19 Abril 2023

A velha divisão imperialista do mundo está posta em causa

A insistência com que os governos ocidentais e todos os grandes meios de comunicação falam, ao detalhe, da guerra na Ucrânia (desde as operações militares às minúcias dos armamentos) vai a par de um silêncio comprometido acerca das alterações na paisagem económica do mundo, que a guerra não desencadeou em primeira mão, mas veio incrementar. O potencial e efectivo crescimento do conjunto de países que não alinhou nas sanções do Ocidente contra a Rússia contrasta com o marasmo e o retrocesso verificado nas economias ocidentais, como ainda recentemente o insuspeito FMI não pôde deixar de revelar em números. Que importância tem esta evidência?


O mundo já mudou

Editor / O Comuneiro — 11 Abril 2023

Vida Justa. Manifestação em Lisboa, 18 março 2023. Homenagem à Comuna

À vista de uma catástrofe financeira largamente anunciada, o Ocidente aproxima-se de um abismo de profundidade e de contornos ainda por determinar, mas que não será seguramente coisa ligeira. O desfecho que se pode antever da contenda que se trava entre o sistema imperialista ocidental e o resto do mundo terá certamente uma dimensão histórica. Querer manter equidistância e indiferença perante este confronto, será sinal de inconsciência, de má-fé ou de diletantismo — e só resultará em impotência política. O mundo já mudou, só não se sabe em que exacta medida.


O folhetim Trump e a crise do poder nos EUA

Editor / Tony Cox — 8 Abril 2023

EUA, 2013. Manifestação contra a guerra. Tirem as mãos da Síria

A acusação de que Donald Trump está a ser alvo por parte da justiça de Nova Iorque, tornou-se um circo mediático em que os meandros do processo são escalpelizados ao pormenor. O assunto promete alongar-se no tempo com ingredientes para todos os gostos, desde casos de costumes a fraudes e falsificações. Os comentadores mais diligentes vêem-se apertados entre as desgraças do espectáculo folhetinesco e a necessidade de ter cautelas políticas diante das ondas de choque que o processo pode gerar na opinião pública.


Iraque: o que mudou em 20 anos

Manuel Raposo — 22 Março 2023

2019. Por todo o país, milhares de jovens reclamam trabalho, serviços públicos básicos, fim da corrupção

A invasão do Iraque iniciada a 19 de março de 2003 foi evocada com um certo incómodo por parte das forças que a promoveram e a apoiaram. Com efeito, a mentira, rapidamente desfeita, acerca das armas de destruição massiva (ADM) — que foi o argumento definitivo usado por norte-americanos e britânicos para justificar o ataque — não deixa margem para dúvida acerca da montagem então congeminada para enganar a opinião pública. As torturas praticadas na prisão de Abu Ghraib e o arbítrio de Guantânamo, que dura até hoje, completam o quadro da acção “libertadora” e “democratizadora” levada a cabo pelos EUA.


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