Nacionalização da dívida dos EUA — o caminho para a guerra mundial?

António Louçã — 7 Junho 2021

O programa que Trump anunciou é o de uma guerra mundial.

Donald Trump perdeu as eleições e falhou o golpe de Estado de 6 de janeiro, mas ainda anda por aí. Em discurso numa convenção do Partido Republicano, prometeu exigir à China 10 biliões de dólares de indemnização por alegadas responsabilidades na origem da pandemia de covid-19. Não se ria, leitor ou leitora, que o caso é sério. Com a ajuda de Biden, Trump tem muito do que precisa para ganhar as eleições em 2024. O programa que anunciou é o de uma guerra mundial.


Os pioneiros da moderna pirataria aérea

Urbano de Campos — 30 Maio 2021

Edward Snowden: “Não posso permitir que o governo dos EUA destrua a privacidade e as liberdades básicas” (2013)

O desvio do avião da Ryanair pelas autoridades da Bielorrússia e a prisão de um opositor do regime que ia a bordo foi, acima de tudo, um gesto de estupidez política cujas consequências talvez não tenham sido inteiramente calculadas pelo regime de Lukashenko. Mas o alarido que os meios políticos e jornalísticos ocidentais têm feito sobre o assunto não passa a ser, lá por isso, uma defesa de regras e de direitos consagrados internacionalmente, como pretendem os governos dos EUA e da Europa. Pelo contrário, os seus protestos indignados têm todos os ingredientes da mais rotunda hipocrisia.


Saara Ocidental, última colónia africana

Editor / Associação de Amizade Portugal-Sahara Ocidental — 21 Maio 2021

Uma questão esquecida: a colonização do Saara Ocidental pelo reino de Marrocos

As notícias, aparentemente inesperadas, de milhares de marroquinos a passarem a salto para Ceuta com a evidente colaboração das autoridades de Marrocos, trouxe para primeiro plano uma questão demasiado esquecida: a colonização do Saara Ocidental pelo reino de Marrocos. O pretexto para a invasão de Ceuta foi o facto de as autoridades espanholas terem recebido, para tratamento médico, um líder da Frente Polisário, a qual luta há 46 anos pela independência do território sem que Marrocos respeite as determinações das Nações Unidas sobre o caso — à imagem do que Israel faz, impunemente, com os direitos da Palestina.


Os ricos vão mesmo pagar a crise?

Manuel Raposo — 17 Maio 2021

O desastre económico e social espoletado pela pandemia obrigou os EUA e a União Europeia a porem em andamento planos de despesa e de investimento envolvendo maciças intervenções dos Estados e biliões de dólares e de euros, como não se via desde os anos 30 e desde a Segunda Grande Guerra. Saudados como um novo New Deal ou como um novo Plano Marshall — e até baptizados como “de esquerda” por parecerem contrariar a política dita neoliberal dos últimos 40 anos — essas intervenções são na verdade planos de salvação de um capitalismo a braços com uma decadência inexorável.


Os criminosos e os cúmplices

Editor — 16 Maio 2021

Os crimes de Israel estão à vista e são conhecidos: ataques sem conta aos civis palestinos, assassinatos selectivos de dirigentes, roubo de território, redução da população da Palestina à fome, política de conflito permanente no Médio Oriente, acções militares contra povos vizinhos. Tudo isto somado às piores práticas aprendidas do colonialismo e do nazismo — de que a propaganda sionista tanto se faz vítima como cobertura para os seus actos.


Odemira, ou a modernidade da escravatura

António Louçã — 5 Maio 2021

Às primeiras palavras sobre uma requisição civil de alojamentos devolutos para instalar migrantes, houve alarme geral: aqui d’el rei que os comunistas comedores de criancinhas querem pôr-nos a dormir ao relento, aqui d’el rei que violam os direitos humanos dos proprietários. Afinal, a gritaria era uma folha de parra para encobrir as cumplicidades locais com o tráfico de pessoas e com a nova escravatura. E essas cumplicidades locais são alimentadas por conivências políticas, com sede no Governo.


25 de Abril, uma querela distorcida

Urbano de Campos — 27 Abril 2021

 

1974-75: o que ainda hoje dói à direita é o movimento popular que irrompeu para lá dos propósitos dos Capitães

A polémica em torno da manifestação do 25 de Abril em Lisboa tem o seu quê de instrutivo. Obviamente, a Iniciativa Liberal quis fazer escândalo e dar nas vistas ao reclamar o direito “democrático” de, oportunisticamente, se encastoar num desfile que sabia ser promovido por forças de cor política diversa da sua. O que a IL pretendia não era festejar o 25 de Abril. Era sim meter uma cunha do 25 de Novembro no desfile do 25 de Abril.


O sagrado direito de causar miséria

Manuel Raposo — 25 Abril 2021

Com a pandemia, a destruição de emprego foi feita à custa dos trabalhadores mais pobres

Nos últimos 20 anos, a taxa de pobreza em Portugal andou sempre acima dos 20% da população, com picos em 2004 (26%) e em 2013 (30%). Os números — do INE, da Pordata e de um estudo recente da Fundação Francisco Manuel dos Santos —, mesmo se não coincidem em absoluto, não deixam margem para dúvidas acerca da dimensão da situação. Presentemente, são mais de dois milhões os portugueses que vivem abaixo do limiar da pobreza, o que significa ter um rendimento anual de 6 mil euros, ou 500 euros por mês. Mais significativo ainda, um terço destes pobres são trabalhadores empregados. Dito doutro modo, o trabalho não é remédio garantido contra a pobreza.


EUA e NATO reacendem guerra na Ucrânia

Editor / Manlio Dinucci, il manifesto — 17 Abril 2021

Mais de 20 mil equipamentos militares deslocados dos EUA para a Europa ao abrigo dos exercícios Defender Europe 21

A recente tensão militar e política em redor da Ucrânia tem sido apresentada como resultado de uma “injustificável” concentração de tropas russas perto da fronteira ucraniana, só explicável por propósitos expansionistas atribuídos a Moscovo. A realidade é outra. A movimentação da Rússia é uma reacção a ameaças bastante claras, mas cuidadosamente escondidas do público, por parte das autoridades ucranianas, dos EUA e da NATO.


O círculo de giz

Editor — 13 Abril 2021

O problema da Operação Marquês não está em ser o megaprocesso que tanto se critica. Está sim no facto de, no desenvolvimento da investigação, ter sido apanhado na rede quem não se pretendia que lá estivesse: o BES e Ricardo Salgado. Enquanto a investigação se limitou a encontrar os tentáculos de um esquema de corrupção, a coisa andou bem: seria mais um caso de abuso de poder e de luta partidária que se prefigurava. O pior foi quando, a partir dos tentáculos, se chegou à cabeça do polvo e se viu que era todo um modo de vida do sistema político-económico-partidário que poderia ficar a nu.


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