Os valores do Ocidente

Editor — 3 Julho 2022

Os dirigentes europeus e norte-americanos esforçam-se por apresentar a guerra na Ucrânia como uma frente de batalha pelos valores democráticos e de liberdade, e até morais, do Ocidente. Zelenski e as tropas ucranianas estariam a “defender-nos” de uma vaga de obscurantismo e de autoritarismo vinda do Leste, protagonizada pelo regime russo de Putin e, de forma mais dissimulada, pelo regime chinês de Xi Jinping. Depois de terem tornado a guerra praticamente inevitável, é sob esta capa que justificam o esforço para prolongar o conflito, avisando as populações de que terão de suportar todos os sacrifícios durante o tempo que for necessário.


Um olhar sobre o próximo pós-guerra

Manuel Raposo — 20 Junho 2022

Que caminhos se abrem aos países dependentes a partir do grau de dependência em que se encontram?

Ao mesmo tempo que anunciam repetidamente supostos fracassos militares da Rússia, e até a possibilidade de uma vitória da Ucrânia, os porta-vozes da propaganda Ocidental proclamam aquilo que consideram ser um ganho “estratégico” decisivo e de carácter permanente: a unidade do bloco de forças constituído em torno dos EUA. E exemplificam com o alargamento da Nato aos escandinavos, a (quase) unanimidade das sanções contra a Rússia e a (quase) consonância de esforços no apoio militar aos ucranianos. Olhada mais de perto, contudo, esta unidade não é exactamente como a mostram.


EUA, Reino Unido: mate-se o mensageiro

Editor / Consortium News — 13 Junho 2022

Extraditar Assange nada tem a ver com justiça: é pura decisão política

O calvário de Julian Assange prossegue nas prisões do Reino Unido, sob ameaça de extradição para os EUA. A decisão de o colocar ou não nas mãos da polícia norte-americana está agora dependente da ministra britânica do Interior Priti Patel depois de os tribunais terem primeiro negado e depois autorizado a extradição. A questão está assim plenamente no campo político, nada de bom se augurando tendo em vista a ligação, unha com carne, do governo britânico com o poder norte-americano. 


Voltemos a falar de fome

Editor — 1 Junho 2022

De Bruxelas, António Costa manifestou-se “preocupado” com o nível “elevadíssimo” da inflação em Portugal, relacionando a situação com o “preço elevado que toda a Europa está a pagar” pela guerra. Sublinhou que o factor principal do aumento dos preços é o custo da energia. Costa tinha acabado de sair duma reunião com os seus pares europeus em que foi aprovado o corte das importações de petróleo russo, decisão esta que de imediato causou nova subida dos preços da energia a nível mundial.


A acção dos EUA nas guerras da Síria e da Ucrânia

Editor/ Richard Black, entrevista — 30 Maio 2022

Secretário de Estado dos EUA,  ministro dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia. Mandante e mandarete.

A dimensão das falsidades e distorções sobre a guerra na Ucrânia que nos são fornecidas diariamente só se saberá, porventura, quando as hostilidades terminarem. Até lá, corre-se o risco de esta propaganda cumprir a sua missão, que é forjar uma opinião pública moldada pelos interesses que o Ocidente persegue na guerra e retirar capacidade de resposta às populações atingidas, dentro e fora da Ucrânia. Foi o que sucedeu com o Iraque: de pouco serviu a confirmação de que as armas de destruição massiva afinal não existiam; o mal estava feito e a mentira tinha desempenhado a sua função. Testemunhos como o que agora divulgamos podem ajudar a perceber a diferença entre o que nos é dito por uma comunicação social domesticada e o que efectivamente esteve na origem da guerra e como ela se desenrola.


A ambição globalista da Nato

Manuel Raposo — 18 Maio 2022

Finlândia, Suécia. Mais dois peões para a política de sempre: o domínio dos EUA na Europa e no mundo

O previsto alargamento da Nato à Finlândia e à Suécia está a ser aclamado como uma prova do reforço e da coesão do bloco Ocidental e como uma demonstração da derrota dos planos “de Putin”, isto é, da Federação Russa. Soma-se isto aos clamores diários que anunciam uma vitória militar dos ucranianos e que pressagiam um descalabro económico da Rússia e até o possível derrube do regime russo. Esta visão ocidental da situação peca, não só por um optimismo postiço, próprio da propaganda de guerra (como é evidente acerca do desenrolar das operações militares), mas também pela miopia que atinge norte-americanos e europeus quando se trata de ver os acontecimentos para lá da espuma dos dias ou dos ganhos imediatos. 


A guerra na Ucrânia vista nas suas origens

Editor / Jacques Baud — 7 Maio 2022

Chefes de estado e de governo da Nato, Bruxelas, março 2022. Sem entender como a guerra acontece, não se pode encontrar solução

O noticiário esmagador sobre as desgraças humanas da guerra na Ucrânia — umas reais, outras inventadas ou amplificadas pelas necessidades da propaganda — cumprem um propósito: focar a atenção do público nos efeitos da guerra, desviando-a das causas que originaram o conflito. Ora, como todas as guerras sem excepção são fonte de sofrimento humano, o que as distingue só pode ser encontrado nas suas origens. Só aí se podem avaliar as razões políticas que as explicam e encarar os meios igualmente políticos de lhes pôr fim. É o papel que cumpre a entrevista dada pelo coronel suíço Jacques Baud à revista Zeitgeschehen im Fokus (Actualidades em foco), pondo em destaque o papel ofensivo e de provocação à Rússia que tiveram os EUA, através da Nato e com a cooperação da União Europeia, nos anos que antecederam a invasão russa de fevereiro deste ano.


O verdadeiro propósito dos EUA

Editor / Global Times — 29 Abril 2022

Joe Biden e Lloyd Austin. Continuar a guerra para enfraquecer a Rússia

Numa reunião realizada na Alemanha em 26 de abril, na base militar norte-americana de Ramstein, o secretário da Defesa dos EUA, Lloyd Austin, afirmou sem pudor o que já era fácil de ver: o propósito dos EUA na guerra é enfraquecer a Rússia. Ganha assim todo o sentido, agora pela voz dos próprios, a aposta norte-americana de prolongar as hostilidades o mais possível, tentando convencer o mundo de que a Ucrânia vai vencer. Prolongar as hostilidades significa não apenas fornecer armas e conselheiros a Zelensky, mas também alimentar a ilusão de que os russos podem ser vencidos, e ainda bloquear todas as tentativas de negociação ou de mediação conduzidas por países terceiros, caso dos europeus ou da Turquia.


Nem mais um tostão para a Nato!

Urbano de Campos — 27 Abril 2022

Abril 74: o povo saiu à rua. Cada euro de despesa militar a mais será um euro a menos no lado dos trabalhadores

A guerra na Ucrânia está a servir de pretexto aos governantes e poderes públicos nacionais para criarem na população uma atitude resignada de aceitação do aumento dos gastos com as Forças Armadas. Primeiro o ministro da Defesa do anterior governo, antecipando-se mesmo ao Orçamento do Estado, depois a ministra da Defesa do novo governo e o próprio primeiro-ministro, agora o presidente da República — vieram dar como inevitável o aumento do orçamento militar e apresentar como inquestionável o empenhamento do país na guerra.


Um parlamento agachado

Editor — 14 Abril 2022

Teria sido simples, como já foi dito, evitar a guerra na Ucrânia. Bastaria cumprir os acordos de Minsk de 2014-15 e garantir que o país não entraria na NATO, como a Rússia reclamou até 24 de fevereiro. Teria sido ainda mais simples se, em 2014, os EUA e a UE não tivessem promovido um golpe de estado em Kiev e instalado um governo ao seu jeito com a missão de afrontar a Rússia. 

Ainda mais simples teria sido se, na conferência da NATO de 2008, em Bucareste, os EUA não tivessem imposto na declaração final (mesmo contra a vontade de franceses e alemães) o “convite” para a entrada da Ucrânia e da Geórgia na Aliança.


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