Para uma identificação dos partidos como forças de classe
Manuel Raposo (com M.C.) — 26 Fevereiro 2024
O jargão parlamentar e comunicacional impôs na opinião pública uma identificação das forças partidárias segundo critérios de tipo topográfico (esquerda, direita, centro) ou de tipo comportamental (extremista, radical, moderado) que na verdade pouco ou nada nos dizem sobre a sua natureza política. Importa lembrar que os partidos, todos eles, representam classes sociais, mesmo quando a ligação entre aqueles e estas se mostra obscura e difícil de estabelecer. Apagar esta matriz significa esconder os interesses de classe que se alinham nas políticas das diversas forças partidárias, não apenas no que por elas é proposto, mas também no que respeita à sua acção prática.
As ideias políticas avançadas por cada partido só parcialmente permitem identificar esses interesses, que se apresentam, na maior parte das vezes, revestidos por uma roupagem de “interesse geral” pretensamente dirigido a qualquer classe social. “O país”, “os cidadãos”, “os portugueses” são termos que identificam essa roupagem enganadora. O primeiro elemento de demagogia das campanhas de propaganda partidárias está exactamente aqui: no obscurecimento da raiz de classe de um partido, dos interesses que defende por debaixo das palavras que usa, das propostas que faz, ou do público a que se dirige.
De um modo geral, numa sociedade que não atravesse uma situação revolucionária, os partidos dominantes são os partidos das classes dominantes. As classes trabalhadoras, massacradas pela propaganda oficial, são convidadas a escolher entre eles sem alternativa. Torna-se difícil, nessas situações, que uma via política de classe, independente e radical, obtenha o apoio da maioria dos trabalhadores. Mas pode sempre mobilizar uma minoria significativa de trabalhadores combativos.
Como as campanhas eleitorais são terreno propício para o adensamento daquele tipo de nevoeiro, aqui se deixa uma contribuição para identificar, em cada força partidária do espectro parlamentar, a natureza de classe dos interesses que defende e que ligação isso tem com as formulações políticas que avança.
Chega
É o partido dos despolitizados. Capta abstencionistas de longa data, gente que está farta de viver mal e de ser ignorada, que nutre justo desprezo pelo sistema dominante (político, social, económico, cultural) mas que não tem visão política de como sair da situação, e decide apostar às cegas.
As opiniões políticas e outras destas camadas sociais não resultam de uma análise racional da realidade, mas sim de sentimentos de raiva e inveja. Raiva contra os responsáveis pela sua má vida e inveja dos bem-sucedidos cujo nível sentem nunca poder atingir. Por ignorância, são facilmente levadas a identificar erradamente os culpados dos seus males: viram-se contra os imigrantes que acusam de “roubar o nosso trabalho” e de viverem “à pala do subsídio”, ou contra “os comunas” e “os xuxas” que acusam de destruir a economia e os bons costumes, ou contra os grevistas que acusam de “querer ganhar sem fazer nenhum”.
O Chega cumpre o papel histórico de todo o fascismo: arrastar para o campo da burguesia a pequena burguesia arruinada, amedrontada e desorientada, procurando colmatar a brecha que a decadência do capitalismo abriu entre uma e outra. Atrás desta, seguem franjas das classes populares. As promessas de “mudança”, com demagogia a rodos, procuram colocar os que pouco ou nada têm a reboque dos que estão bem na vida.
A despolitização da população trabalhadora abre campo e fornece apoios a este novo fascismo. A sua política é uma amálgama de estatismo para atrair a massa empobrecida e de liberalismo para contentar o capital e suscitar o seu apoio. Os seus líderes vociferam contra “o sistema” para ganharem um lugar no sistema. Os apoios financeiros que vão recebendo mostram a quem servem. A crise da democracia burguesa parlamentar que acompanha a falência do capitalismo fornece-lhes espaço de manobra e argumentos.
O seu campo de recrutamento é a pequena burguesia desesperada, as forças repressivas (às quais um poder “forte” beneficia), o proletariado mais miserável empurrado para fora do regime do salariado, franjas dos trabalhadores que não vêem ou desesperaram de ver soluções próprias da sua classe. Cativa ainda faixas da população jovem que não se encaixam numa única classe social – “a malta nova”, igualmente despolitizada, atraída pela vozearia “anti-sistema” e pela rebeldia teatral do líder do partido. Tem pés assentes em sectores da alta burguesia, bem identificáveis pelos resultados obtidos em mesas eleitorais das freguesias mais ricas.
O capital espera para ver o êxito da manobra. Entretanto, financia-a. A burguesia acolhe sempre as organizações fascistas e de extrema-direita como forças políticas de reserva.
Iniciativa Liberal
São os apóstolos da liberdade total para o capital. Representam os interesses monopolistas arvorando a “iniciativa individual” como bandeira. Defendem (com atraso de 40 anos) a ideia de que quanto mais ricos forem os de cima, mais poderá sobrar para os de baixo. A prática já mostrou que, por tal via, nem crescimento económico, nem diminuição da pobreza – mas isso não lhes interessa. São os paladinos da desigualdade de classes como motor da economia.
Constituem a resposta extremada da direita e do capital ao marasmo dos negócios capitalistas: privatizar tudo o que possa dar lucro para que o capital tenha mais pasto. Daí, transferir as verbas sociais do Estado para bolsos privados. Daí, o favorecimento do negócio privado da saúde à custa do SNS. Daí, a privatização da CGD, para as mãos da banca espanhola e europeia. Daí, a privatização da TAP, para as mãos das grandes transportadoras europeias.
Apoiam-se numa média burguesia urbana (universitários, quadros qualificados de empresas privadas). A IL faz junto das classes altas e dos quadros do capital politizados aquilo que o Chega faz junto das camadas populares despolitizadas e desesperadas. Completam-se.
PS e PSD
São os dois grandes partidos da burguesia. Separa-os a forma de conduzir a política do capital, particularmente difícil numa situação de crise geral dos negócios que se prolonga sem fim à vista. A alternância de um e outro no poder, sem que nada de essencial mude, prova o serviço comum que prestam ao capitalismo e às classes dominantes.
São, por igual, serventuários do poder imperialista, sejam os monopólios da UE, sejam os monopólios mundiais liderados pelos EUA. São responsáveis por amarrarem o país aos propósitos bélicos dos EUA, da NATO e da UE. As garantias que ambos dão de aumentar os gastos militares vão traduzir-se num ataque ruinoso às políticas de apoio social.
O PS baseou a sua política dos últimos nove anos num tripé: 1) pagar a dívida do Estado (na maioria, dívida do capital privado assumida pelo Estado) com os recursos de todos; 2) distribuir migalhas aos pensionistas e aos trabalhadores assalariados; 3) canalizar as colossais verbas europeias (nomeadamente, do PRR) para reforço do capital. Assim, a dívida do capital (que não tem fim) vai sendo saldada pela massa do povo, que em troca recebe pequenos benefícios que lhe calam a boca.
O governo do PS beneficiou da devastação causada pela troika entre 2011 e 2014. Diante da brutalidade das medidas antipopulares do governo PSD-CDS, qualquer pequena melhoria passou por ser um grande alívio. Não foi: os desníveis sociais continuaram a aumentar, a pobreza avançou, o trabalho precário proliferou, as medidas sociais pautaram-se pela busca de um “equilíbrio” que não pusesse em causa os negócios privados (na saúde, na habitação, na política salarial, na legislação laboral).
De 2015 a 2019, o PS tirou partido do apoio dado pelo BE e pelo PCP. As lutas sociais (sindicais, etc.) em vez de crescerem, na sequência da derrota da direita, foram amortecidas. Alimentou-se a esperança vã de que o Governo resolveria os males dos trabalhadores pela via parlamentar e negocial. Em vez de se ver apertado pelo movimento popular e laboral (que tinha encurralado o governo da troika), o governo do PS ficou de mãos livres. Resultado: a recuperação das perdas vindas do tempo da troika não foi feita, nem na totalidade, nem no que era essencial. Por exemplo, a legislação laboral permaneceu intocada na questão decisiva da contratação colectiva, retirando poder negocial aos sindicatos.
No final de quatro anos, o PS obteve maioria absoluta à custa dos seus apoiantes, canibalizando-os. O baixo nível das lutas sociais, nomeadamente operárias, durante esses quatro anos explica o sucedido. E vem igualmente daí – da falta de oposição popular de massas com voz política própria – o à-vontade com que crescem a direita e a extrema-direita.
O PS é o principal partido das camadas médio-burguesas e pequeno-burguesas reformistas, o que lhe permite apresentar-se diante do capital, grande e pequeno, como o partido da “estabilidade” e das medidas “equilibradas”. Consegue, com este estatuto, neutralizar grande parte da massa trabalhadora, a qual deposita esperanças no reformismo que o PS apregoa abdicando da sua independência política. É isto que faz dele o melhor instrumento político do sistema capitalista em momentos de crise social – como se viu no verão de 1975 e recentemente com a política terrorista da troika.
O PSD é o outro actor para a mesma política de fundo. Com uma particularidade na situação presente: tira partido do marasmo das lutas operárias e populares e da despolitização geral da população trabalhadora. Acha por isso possível ir mais longe que o PS: privatizar empresas estatais rentáveis, libertar de impostos o capital e diminuir os apoios sociais, beneficiar abertamente o negócio privado da saúde, sacrificar as políticas sociais de habitação aos interesses imobiliários, agravar sempre que possível a legislação laboral dando mais liberdade de manobra ao capital.
O seu modelo é a IL, só que um passo atrás. Admite abertamente uma coligação com a IL e não a põe de lado com o Chega se isso for necessário para formar governo.
Apoia-se no grande capital, nas classes médio-burguesas e pequeno-burguesas proprietárias, urbanas e rurais, em quadros de empresas, nas camadas assalariadas dos serviços com maiores rendimentos. A sua base de apoio social e eleitoral cruza-se em larga medida com a do PS, e daí serem intermutáveis para efeitos de governo.
BE e PCP
São a esquerda do regime político vigente. Ambos estão integrados no sistema capitalista. É na qualidade de esquerda institucional que levam a cabo a sua crítica dos males do regime. Criticam-no pelos seus excessos e injustiças, mas não pela sua natureza de classe, não pela sua natureza de sistema de exploração que deva ser abolido. A luta política parlamentar, no quadro das instituições, é o centro da sua actividade. Mobilizar as massas trabalhadoras contra o sistema capitalista numa acção política independente está fora dos seus horizontes.
Vivem na dependência estratégica do PS. Qualquer uma das fórmulas de “governo de esquerda” avançadas pelo BE ou o PCP depende inteiramente de uma posição hegemónica do PS no eleitorado popular. O acordo governativo de 2015 foi disso exemplo.
O BE tornou-se um simples apêndice de esquerda do PS, o grilo falante que aponta os males que continuam por debelar. Sem bases seguras na massa popular e trabalhadora – sindicatos, comissões de trabalhadores, autarquias, que perdeu progressivamente ao privilegiar a acção eleitoral e parlamentar – não tem hoje outra via de intervenção que não seja constituir-se como a consciência crítica do reformismo (mal) corporizado pelo PS.
Abandonou qualquer demarcação face à UE enquanto formação imperialista do capital europeu. Abandonou igualmente a crítica à NATO enquanto braço armado do imperialismo. O alinhamento pelo Ocidente na guerra da Ucrânia coloca-o ao arrasto da política guerreira do imperialismo EUA-UE, a par dos partidos da burguesia capitalista.
Pôs de lado qualquer ideia de luta pelo socialismo em favor de uma via de “melhoramentos” do sistema capitalista. As causas sociais parcelares a que se dedica não constituem, todas somadas, uma linha política anticapitalista. Esqueceu que é a luta das massas populares pela transformação social radical que dá sentido a cada luta particular e a cada reivindicação.
A sua base de apoio cruza-se em parte com a do PS. Recruta entre as camadas pequeno-burguesas reformistas mais à esquerda, principalmente urbanas, meios universitários, sectores de trabalhadores precários, trabalhadores que abandonaram a perspectiva da revolução social, camadas de classe que pugnam por causas sectoriais (ambiente, direitos de minorias, etc.). Muitas destas camadas, pela posição de classe e pela ideologia, oscilam entre o BE e o PS, como se viu nas eleições de 2022.
O PCP é o único partido que mantém bases na classe operária, em diversos outros sectores de trabalhadores assalariados, nos sindicatos e noutras organizações de massas. Esta influência está em perda. Cada vez mais, a intervenção do partido se reduz ao parlamento e à actividade sindical. A sua política definha por isso mesmo.
Operou, sobretudo nos últimos anos, o que se pode chamar uma sindicalização da actividade política – justamente o que Lenine apontou como um sinal da secundarização da luta política, de classe, junto dos trabalhadores. Reduzir a luta de massas à acção sindical e reivindicativa conduz em linha recta à despolitização dos trabalhadores. Esse efeito está hoje bem à vista: a maioria absoluta do PS obtida há dois anos e o crescimento da direita são também resultado dessa despolitização.
Na propaganda do PCP, o 25 de Abril é uma bandeira puramente democrática, sem referência ao seu lado popular-revolucionário, anticapitalista. A luta no quadro da Constituição é o limite a que as acções de massas se subordinam. Aqui reside uma das principais razões da perda de apoio eleitoral do partido, da degradação da sua política, do seu esgotamento ideológico, do apagamento das suas palavras de ordem, da perda de quadros, da dificuldade em recrutar apoios jovens.
Mantém, em relação à guerra na Ucrânia, uma demarcação das posições oficiais que é única no quadro das forças parlamentares. Mas a sua posição a respeito do papel da NATO e da atitude das autoridades portuguesas sobre o assunto manifesta-se em surdina, limitando-se a lembrar o preceito constitucional de dissolução dos blocos militares e a clamar pela paz – apagando a crítica política directa aos desmandos do imperialismo na situação concreta.
O PCP apoia-se em sectores do proletariado (operários e outros trabalhadores assalariados), nos activistas sindicais, em estratos da pequena burguesia mais pobre (assalariada ou proprietária), em camadas democráticas saudosas do 25 de Abril sem ambições revolucionárias.
Livre e PAN
São o que se pode chamar adereços do regime político. Não cumprem nenhum papel que seja distinto do dos demais partidos, apesar da especificidade que reivindicam para si.
A aposta do Livre no “projecto europeu” e no “aperfeiçoamento” do regime democrático não o diferencia dos partidos que promovem a mesma utopia sem atacarem a natureza imperialista da UE e sem encararem uma alteração radical do regime social. A sua base de apoio não se distingue da do BE ou da esquerda do PS.
O PAN cultiva a aparência de partido insubstituível no que toca às causas “do planeta”. Ignora que, sem tocar na raiz do problema, a natureza predatória do capitalismo, nada no planeta se resolverá. Afirmando-se nem de esquerda nem de direita, assume o papel oportunista de buscar alianças sem princípios, em qualquer azimute político, numa via de protagonismo fácil. Colhe apoios residuais em camadas pequeno-burguesas “apartidárias”, principalmente urbanas.
Abstenção e abstencionismo
A abstenção atinge mais de metade do eleitorado nominal, mas não constitui uma força política, como por vezes se pretende. É uma mistura que reúne tanto simples desinteressados da política de todas as classes, como estratos burgueses que acham desnecessário votar porque sentem o regime seguro, como estratos proletários e populares que não se sentem representados por nenhum partido. Reúne num mesmo saco tanto adeptos passivos do regime político como opositores que o desprezam mas não lhe vêem alternativa.
Deste saco podem sair votantes para qualquer força partidária quando as circunstâncias os fazem decidir, como acontece em períodos de grande agitação social ou quando uma força política nova parece abrir caminho. Nessas alturas, o aparente bloco da abstenção divide-se segundo as clivagens de classe ou as ilusões do momento.
A ideia, presente em alguma esquerda anticapitalista, de que uma abstenção elevada “retira legitimidade” ao regime político burguês esquece as razões muito diversas e as origens de classe distintas da abstenção. Se a abstenção tivesse em si mesma tal virtude, há muito que a maioria dos regimes parlamentares teria caído. Neste sentido, o abstencionismo é uma outra forma de apoliticismo, directamente resultante da fraqueza e da desorganização da esquerda anticapitalista.
Comentários dos leitores
•adilia maia 26/2/2024, 22:49
Análise excelente, sem sombra de dúvida. Infelizmente poucos serão capazes de a subscrever porque dela – uma espécie de voz clamando no deserto - resulta a desesperança absoluta quanto ao que podemos esperar.
De qualquer modo, penso que, se vozes como esta se multiplicarem, se as pessoas abertamente abandonarem a hipocrisia e o medo do politicamente incorreto, se analisarem, como aqui se fez, com espírito aberto, as situações, lentamente talvez, mas inexoravelmente, começarão a surgir novas perspetivas para se solucionar os dolorosos problemas com que nos vemos confrontados.
Neste aspeto os partidos políticos marginais, como se estão a revelar o PCP e o Bloco de Esquerda, deveriam investir acima de tudo no sentido de debaterem ideias, em grupos de estudo e de reflexão, com o objetivo de perceberem os problemas e adquirirem informação e conhecimentos absolutamente imprescindíveis para compreenderem o que está a passar-se. Ora nota-se claramente nos porta voz destes partidos uma insuficiente preparação para na praça publica passarem com eficácia persuasiva as suas mensagens e sobretudo para abordarem os problemas que realmente importam.
Esquecer categorias concetuais básicas não parece ser solução; por exemplo, evitar falar em socialismo, não denunciar o capitalismo, não mostrar que o problema não é propriamente a política, mas a estrutura económica que a dirige; não repetir enfaticamente que os media corporativos são a voz do dono e o dono é finança internacional, é o caminho certo para o desastre. É este o caminho que a esquerda tem andado a seguir e que já devia ter percebido que não só não leva a parte nenhuma como a está a tornar perfeitamente irrelevante.
•MANUEL BAPTISTA 27/2/2024, 8:36
Do lado da burguesia, pode dizer-me que são forças de classe, no sentido de serem efetivamente conduzidas por uma dada fração da classe dominante. No que respeita ao campo dos trabalhadores, os partidos "representam" os interesses das classes oprimidas, no melhor dos casos. Em caso nenhum os estados -maiores são compostos por classe trabalhadora. Em geral, são membros da pequena e média burguesia.
Confiar a luta a "representantes", não assumir postura ativa, é aquilo a que as direções e quadros dos partidos, fazem aos seus adeptos . Os trabalhadores são massa de manobra, não são os protagonistas da vida interna dessas organizações. A democracia parlamentar é estruturalmente corruptora, o Portugal dos últimos 50 anos é uma demonstração clara disso.
•leonel l. clérigo 27/2/2024, 14:12
Um DRAMA ANUNCIADO: a "FICÇÃO" do DESENVOLVIMENTO BURGUÊS
Quem se der ao trabalho de procurar - nos PROGRAMAS ELEITORAIS dos Partidos que concorrem às próximas eleições de Março - algumas ideias claras para uma possível transformação económico-social da Sociedade Portuguesa, não deixará de ficar prostrado perante tão desanimadora DESILUSÃO: tudo continuará - aparte a "cosmética" do palavreado - igual ao nosso passado.
E surge a questão: será que não há "remédio" para a nossa Sociedade condenada ao SUBDESENVOLVIMENTO, ao constante "mais do mesmo"?
1 - O nosso burguês com suas diferentes feições partidárias, surgiu-nos agora com uma "preocupação" inédita e um "discurso produtivista": viu agora, na sua vasta inteligência e passados 50 anos, que Portugal é, afinal, um País de "pobretanas", com uma "máquina produtiva" incapaz de sustentar uma vida decente à "Europeia", sem recorrer a "dívida", "subsídios" ou a um "cinto bem apertado". Em suma: ao fim de 50 anos de "Abril", o nosso burguês acordou e "descobriu a pólvora".
2 - Mas quando se lê com atenção o texto acima de MR - que já tardava na nossa Sociedade de Analfabetos Políticos - não é difícil concluir - à maneira de Gramsci na sua resposta a Benito Mussolini - que do que se trata nesta "conversa fiada" de Burgueses" elegíveis no próximo Março..."É APENAS A SUBSTITUIÇÃO DUM PESSOAL ADMINISTRATIVO POR OUTRO". Como se costuma dizer popularmente: "Mudam as moscas, mas a merda é a mesma". E quem disto duvidar, que aguarde meia dúzia de anos...ou até menos. Atrás das moscas...outras iguais virão.
3 - De facto, só alterando as regras do "PODER de CLASSE" será possível transformar a nossa Sociedade para melhor: a "linhagem" burguesa é de hierarquia apertada e não "democrática" e o MERCADO tem quem manda nele com pulso firme dos porta-aviões.
Ninguém, "com os 7 alqueires bem medidos", poderá imaginar que, trazidas pelo "NOVO" GOVERNO (com suas dependências internas e externas inevitáveis, instituídas), virão "lufadas" de DESENVOLVIMENTO que, "em menos dum foguete", nos colocarão confortavelmente sentados na "mesa redonda" do Paraíso dos INDUSTRIALIZADOS G7.
•o que são e o que representam os partidos na actual conjuntura nacional – oxisdaquestaoblog 28/2/2024, 12:08
[…] O original encontra-se em www.jornalmudardevida.net/2024/02/26/para-uma-identificacao-dos-partidos-como-forcas-de-classe/ […]
•António Machado Saraiva 29/2/2024, 11:13
Quadro interno quase desolador, ao nível internacional luta intensa, Portugal não é de facto uma "ilha", como recentemente foi lembrado, a coisa move-se, façamos a nossa parte, o tempo histórico tem outra dimensão...e os 0.1% não vencerão.
•esteves ayres 2/3/2024, 15:51
Este artigo, é dirigido a todos aqueles que votam nestes partidos que ao longo dos anos têem estado no arco do poder, e não só!
Não é o meu caso, porque nunca votei em nenhum deles!
Sabemos alguns deles estão danadinhos para que o neoliberalismo se estale em Portugal, o mais rápido possível...para que a burguesia e o capitalismo e imperialismo e social-imperialismo em particular, explore ainda mais os operários, agricultores e de mais trabalhadores, até ao tutano...
•Nuno Araújo 2/3/2024, 16:45
Este texto aborda a política numa perspetiva que a barafunda diária nos obriga a esquecer.
Deveria ser entregue e de leitura obrigatória a todos os eleitores no último dia de campanha.
•leonel l. clérigo 4/3/2024, 11:19
Caro Nuno Araújo
Já tinha decidido não publicar qualquer comentário até às eleições de Março. Mas a sua observação leva-me a quebrar a "promessa".
Apesar da proposta de "leitura OBRIGATÓRIA" ser coisa "mal vista" não deixa, para mim, de lhe dar alguma razão. Contudo, julgo que seu "resultado" não nos traria grande coisa: nós, portugueses, somos gente ainda atrasada, analfabetos políticos estilo "Maria vai com as outras". O tipo de "Campanha" parece levar as "ratazanas" a irem ao encontro disso: umas "almoçaradas", umas "canetas", uns discursos ocos...
Muitas vezes penso se não seria "pedagógico" porem-nos a ser governados pelos burgueses "duros" que nos apertassem o "gasganete" e nos esfolassem até ao "tutano".
Temos uma Sociedade CAPITALISTA manhosa, SUBDESENVOLVIDA - ou seja um Capitalismo bloqueado que impede a INDUSTRIALIZAÇÃO (característica esta das poucas SOCIEDADES ditas DESENVOLVIDAS) - mas embevecida com a "conversa fiada" dos poetas VENDEDORES de BANHA da COBRA como é o Sr. Rui ROCHA e outros acéfalos convencidos no "milagre liberal" do "regar e pôr ao luar", como se o mundo fosse um campo de "manjericos".
Como é possível uma Campanha Eleitoral que esconde o essencial: o DESENVOLVIMENTO das FORÇAS PRODUTIVAS (sobretudo da Indústria e Agricultura) assim como os bloqueios que os "RICOS da EUROPA" fazem a isso, escondidos pelos "SUBSÍDIOS"? Só pode ser por ser feita por quem tem a consciência clara da sua PRÓPRIA INCAPACIDADE, de não ser CAPAZ de fazer o que deveria. Por isso e sem artes de qualquer BRUXARIA, podemos apostar e com segurança, que tudo continuará igual ao passado. E na CRISE que está aí a dar os primeiros passos, apertem o cinto aos poucos...antes que o sr. Ventura - e seus muitos amigos - o aperte "à bruta".
•José 7/3/2024, 22:35
E então? Em quem devem os trabalhadores votar??