25 de novembro, o de ontem e o de hoje
Manuel Raposo — 28 Novembro 2023
Não é bem o 25 de novembro de 1975 que a direita hoje festeja. O movimento que está em curso (na verdade, não se trata apenas de um episódio evocativo) foi lançado em primeira mão pelo CDS em 2019 e vivamente acolhido por toda a direita, até que o presidente da Câmara Municipal de Lisboa achou, este ano, chegado o momento de pôr a ideia em marcha. A evocação, cobrindo-se com juras de pluralismo democrático, visa, de facto, dar impulso a um programa político antipopular, por isso mesmo antidemocrático – mas também, pelas forças que procura agregar, inevitavelmente protofascista ou mesmo abertamente fascista.
Momento oportuno
O sentido da iniciativa é claro: potenciar o curso direitista da política nacional, unindo toda a direita em torno de uma bandeira comum. O alvo anunciado, dadas as circunstâncias políticas do momento, é o “socialismo” do PS, mas o alvo real continua a ser o mesmo de há 48 anos: as classes trabalhadoras.
Melhor oportunidade não poderia haver: quando um golpe de estado, de facto, apeou o PS do Governo; quando internacionalmente a extrema-direita toma o poder em regimes formalmente democráticos, como na Argentina e na Holanda (depois da Itália); quando duas guerras com ramificações mundiais (na Europa e no Médio Oriente) são conduzidas por regimes nazis, abertamente apoiados pelas democracias capitalistas do Ocidente; quando, finalmente, nos EUA a alternativa de poder se coloca entre um criminoso de guerra e um fascista.
O PREC não foi um calmo passeio
Recuemos aos anos agitados do PREC. Sem uma análise do comportamento das classes sociais nos anos de 74-75 não é possível perceber o 25 de novembro de 75 nem o propósito da direita em comemorá-lo hoje.
A chave do êxito do 25N75 não esteve propriamente na eficácia do golpe militar, esteve – como adiante melhor se mostra – na mobilização da pequena burguesia urbana e rural de então contra o proletariado mais radicalizado, concentrado nas zonas industriais e no Sul do país. Na verdade, tentativas de golpe tinha havido logo em setembro de 74 e março de 75 protagonizadas aliás pelos mesmos personagens: o general Spínola, a direita do MFA e os salazaristas-marcelistas reconvertidos em democratas que se organizaram no CDS de Freitas do Amaral e no então PPD de Sá Carneiro.
Mesmo que não quisessem um regresso ao passado puro e duro – quanto mais não fosse por impossibilidade objectiva, uma vez que a independência das colónias, esteios da ditadura, estava praticamente consumada – todos eles sonhavam impor ao país algo parecido com o regime que os reformadores do marcelismo tentaram sem êxito entre 1969 e finais de 1973.
Porque fracassaram os golpes de 28 de setembro e de 11 de março? O movimento operário e popular estava em crescendo. As conquistas práticas que a acção própria proporcionavam à massa do povo reforçavam a sua convicção de que as exigências políticas podiam ir mais longe. Mais: este impulso de progresso, ao mostrar resultados práticos, arrastava várias outras camadas sociais, nomeadamente a pequena burguesia urbana que, até certo ponto, fazia coro com o movimento popular porque daí lhe advinham vantagens reais – fosse a liberdade política, fossem melhorias de posição social e de vida.
Por outro lado, a memória dos tempos da ditadura ainda estava bem presente e as manobras golpistas soavam por aquilo que eram: a tentativa de reposição do passado ou parte dele.
A manifestação dos operários da Lisnave em 12 de Setembro de 74 e a manifestação contra a Nato de 11 de Fevereiro de 75 promovida pelas comissões de moradores e trabalhadores e apoiada pelas organizações de soldados – anteciparam-se, por dias ou semanas, a cada um dos golpes spinolistas, mostrando a capacidade de resistência do movimento popular, a sua disposição para vencer obstáculos e adversários, a sua iniciativa política e, em certa medida, a sua autonomia face ao poder então constituído.
A este quadro acresce o facto de, no meio militar, a esquerda do MFA ter nessa altura preponderância sobre os sectores direitistas, em grande parte devido à organização de soldados e marinheiros em comités que se formaram a partir da base das fileiras, desorganizando ou pondo em respeito as cadeias de comando. Deste modo, a ala esquerda do MFA foi por essa altura um apoio a que o movimento popular se encostou.
A pequena burguesia no centro do êxito do 25N75
Este conjunto de factores colocou sérias dificuldades de poder à burguesia portuguesa e afligiu as suas parceiras do mundo imperialista. O fracasso dos golpes anteriores tinha mostrado a uma e a outras que o simples putschismo não resultava num país que fazia a experiência de uma intensa luta de classes.
Chamar a pequena burguesia para o seu lado e fazer dela tropa de choque contra o proletariado e o povo mais radicalizado, era – na óptica de uma burguesia que precisava de recuperar o monopólio do poder – uma medida chave para descalçar o movimento popular, privá-lo de um aliado e preparar a mudança política. Foi essa a tarefa de que se encarregou o PS, com Mário Soares à cabeça.
Porquê o PS e Mário Soares? A direita organizada no CDS e no PPD estava, como vimos, demasiado queimada aos olhos do povo para cumprir esse papel. Tresandava a marcelismo e salazarismo, e tinha mostrado o que a movia aquando dos golpes de setembro e março.
Foi então preciso alguém mais perto das ambições democráticas das classes pequeno burguesas para as convencer de que já não tinham nada a ganhar com o radicalismo revolucionário da classe operária e deviam afastar-se dele. A mensagem que o PS veiculou foi simples: se isto continua por este caminho, ninguém assegura que amanhã esteja garantido o vosso direito de propriedade. Com isto tocou o nervo da sensibilidade pequeno burguesa.
O radicalismo operário foi útil à pequena burguesia para vencer as tentativas de retorno do velho regime, contra as quais ela, só por si, não tinha nem forças nem coragem para se erguer – como os 48 anos anteriores tinham mostrado. Mas, uma vez afastado o espectro do retorno do salazarismo-marcelismo (graças à acção popular radical!), o prosseguir da onda revolucionária – com a nacionalização da banca, a reforma agrária, a quebra da hierarquia militar, as ocupações de casas – foi visto como um “excesso” que punha em causa as ambições meramente democráticas e liberais das classes médias.
A promessa de um regime formalmente democrático, respeitador da ordem e da propriedade, em que cada um escolhesse periodicamente “os seus representantes”, um regime, em suma, que pusesse fim à onda revolucionária – cativou naturalmente as classes médias. Na verdade, elas já tinham alcançado aquilo que o seu limitado espírito transformador podia ambicionar: o fim de uma ditadura retrógrada que lhes silenciara as ambições durante décadas, e ter, finalmente, o seu lugar num regime dominado pelas regras do capital, abaixo da burguesia, é certo, mas acima do proletariado.
Foi esta deslocação das classes médias para a direita, para o campo da burguesia – associada ao facto de o movimento operário ser, ainda assim, débil em número, em organização e em ideias – que deu à burguesia a massa crítica para fazer pender os pratos da balança para o seu lado. O 25N75 foi ganho neste ponto de natureza social. O golpe militar – preparado desde o verão de 75 a compasso com a incansável acção de Soares – foi apenas o remate armado de uma operação social e política mais vasta.
Onde falhou a acção revolucionária do PREC?
O argumento de que o movimento operário-popular de 74-75 se resumia a uma “minoria activa” que não representava a vontade da maioria do país é ainda hoje usado para condenar o PREC e justificar o 25N75 como a “reposição da normalidade democrática”. O estado em que as classes trabalhadoras se encontram quase 50 anos depois, fala pela valia de uma tal “normalização” e mostra quais as classes que ganharam e quais as que perderam com o 25N75.
Para além disso, falar em “normalização democrática” a respeito do 25N, como faz toda a burguesia (incluindo a pequena burguesia, que afina pelo diapasão dos grandes burgueses), só pode ser em registo de anedota. Como se sabe, todo o verão de 75 foi marcado por uma campanha orquestrada de atentados bombistas, assaltos a sedes de partidos da esquerda e a organizações populares e assassinatos. As forças burguesas apostadas em pôr termo à onda popular, de que a direita de hoje é herdeira, arregimentaram a escumalha fascista de então para conduzir esse trabalho – o que se cose perfeitamente com as alianças, hoje na forja, com a extrema-direita.
Mas há mais a dizer sobre o assunto. Os grandes movimentos sociais transformadores, nomeadamente os movimentos revolucionários, são sempre conduzidos por minorias numéricas face ao conjunto das populações. São essas minorias, não obstante, que encarnam a vontade de mudança social presente numa dada época. O êxito ou o fracasso desses movimentos depende da capacidade de tais minorias, as mais conscientes e dispostas à acção, para ganharem o apoio da maioria das classes sociais desejosas de mudança. Capacidade política, capacidade organizativa e capacidade prática transformadora.
O pecado do PREC não esteve no facto de uma minoria operária ambicionar uma transformação revolucionária – esteve, sim, na sua incapacidade para se dotar de um programa político claro e com ele ganhar o apoio e a colaboração da maioria da classe operária e da população trabalhadora do país. Não foram os ”excessos” que condenaram o movimento, foram – apesar de todo o empenho e heroísmo posto na acção por milhares de trabalhadores – as suas limitações.
Apesar de tudo, um compromisso
Voltando ao golpe novembrista. Ainda assim, e pelas circunstâncias em que se deu, o 25N75 resultou num compromisso. Nem a burguesia teve no imediato a força suficiente para esmagar um processo revolucionário que durava há 19 meses, e que produzira mudanças sociais e políticas significativas, nem o movimento operário e popular tinha já força para recuperar a iniciativa política. Sinal disso mesmo está na manifestação dos operários da construção civil de novembro de 75.
Os milhares e milhares de operários, dos mais pobres e explorados, fartos de humilhações, que cercaram e sequestraram a Assembleia Constituinte durante dois dias, estando-se nas tintas para a “representatividade democrática” dos deputados, não tiveram contudo força para impedir o golpe que se daria dias depois, ao contrário do que sucedera em setembro de 74 e em março de 75.
Mas, mesmo com a vitória de novembro, a burguesia ainda não podia dispensar o PS. Era preciso prosseguir a tarefa de desarticular o movimento operário e de segurar as classes médias. Além da instabilidade social e política que persistia, fruto de ano e meio de lutas extremadas, também do ponto de vista económico a burguesia estava debilitada pelas nacionalizações, pela fuga dos grandes capitalistas, pela ocupação de casas e terras.
O esmagamento do movimento revolucionário e a liquidação prática das conquistas que ele obtivera em ano e meio de luta iria dar-se de modo faseado e alongado no tempo.
No centro das preocupações do novo poder esteve, primeiro que tudo, a questão chave de repor em pleno a propriedade privada burguesa e o direito que a consagra. As primeiras iniciativas do regime novembrista devolveram as terras da reforma agrária aos proprietários que a luta popular tinha expropriado, e recompuseram a banca privada, nacionalizada em março de 75. O mesmo foi sendo feito com a propriedade industrial. De novo, não por acaso, os agentes foram o PS e Mário Soares guindados ao posto de liquidatários da revolução.
Em paralelo, iniciou-se o ataque às organizações sindicais, às comissões de trabalhadores, aos organismos populares de base (os Órgãos de Vontade Popular, que tinham sido decisivos para a intervenção política das massas populares). A tropa, as polícias, as forças repressivas, os serviços de informação são reorganizados. Mais tarde liquidou-se a política de habitação social. Etc.
Frutos da derrota
O compromisso de que falamos – espelho de um relativo equilíbrio de forças sociais – traduziu-se na Constituição aprovada em abril de 76 e, acima de tudo, revelou-se nas lutas sociais que se prolongaram por mais uns anos depois do golpe “normalizador” de novembro.
Que a vontade popular de mudança não estava morta em 26 de novembro, provou-o a considerável votação na primeira candidatura à presidência de Otelo Saraiva de Carvalho em 1976, sete meses depois do golpe.
Significativo é o facto de a esquerda revolucionária, que deu corpo à candidatura, ter demonstrado, nesse momento, muito mais capacidade de mobilização que o PCP, prisioneiro dos compromissos do 25N e abertamente dedicado a contribuir para a desarticulação dessa esquerda revolucionária (cujos “excessos”, aliás, sempre condenou desde a primeira hora).
Em vez de estimular e procurar levar às últimas consequências o movimento revolucionário espontâneo, o PCP contribuiu para constituir dentro do movimento operário uma corrente moderada, colada às curtas ambições democráticas da pequena burguesia, que isolasse e silenciasse os sectores mais radicais.
O PCP conseguiu junto do proletariado aquilo que o PS conseguiu junto da pequena burguesia: limar as arestas ao movimento popular e submetê-lo à nova ordem. Esta aliança objectiva (que teve o empenho pessoal de Álvaro Cunhal, não obstante a distância e as críticas a Mário Soares) deu como efeito a prazo a desarticulação e a derrota do movimento operário mais radical – como a burguesia pretendia, com o engodo de uma democracia “representativa”, “moderna”, “europeia”.
Consolidou-se aí a crença reverente na democracia, na acção parlamentar, na luta subordinada ao quadro da Constituição – aquilo a que Lenine chamou cretinismo parlamentar. É este o padrão de comportamento dominante nas classes médias e na maioria das classes trabalhadoras de hoje. A linha política do PCP expressa hoje este conformismo na ideia de um Governo de Esquerda e Patriótico, inevitavelmente dependente de uma mão estendida da parte do PS, como se viu com os governos de 2015 e 2019.
Este “compromisso histórico” à portuguesa está em grande parte na origem da despolitização que afecta as classes trabalhadoras e que as tem entregado, de pés e mãos atados, sem perspectiva política própria, de classe, ao rumo sem saída da política burguesa. Esquecendo ou ignorando as lições da onda popular revolucionária de 74-75, as grandes massas trabalhadoras aceitam de forma voluntária a sua sujeição à ordem capitalista – e é aí que está o ponto fraco das suas movimentações presentes.
Novo impulso à contra-revolução
A direita já não acha que tenha de agradecer ao PS o serviço prestado desde 75. Hoje, o alvo a abater é o imaginário “socialismo” do PS e de António Costa. Com isto, a direita rompe o compromisso assumido em novembro de 75 por julgar chegado o momento de dar novo impulso à contra-revolução iniciada há 48 anos. Isto dá-nos um sinal preciso acerca do posicionamento das classes sociais, que é este: o poder burguês de hoje tem na mão as classes médias, não teme as manifestações populares brandas e apolíticas que o defrontam, e pensa, assim, poder remeter o proletariado à miséria, ao silêncio e à irrelevância política.
A decadência do capital e do sistema imperialista dita as regras do jogo. O capital não pode prescindir de pôr em prática uma sobre-exploração das classes trabalhadoras, mesmo nos países de capitalismo desenvolvido. Essa necessidade vital impele os sistemas políticos democrático-burgueses a reforçar os seus meios ditatoriais. Os pactos sociais “progressistas” foram rompidos pelo capital.
As forças de extrema-direita e fascistas desempenham o papel de batedores que abrem caminho a um regime de maior submissão das classes trabalhadoras e de liberdade ilimitada para o capital. Essa a razão de a direita dita tradicional se inclinar para formar alianças governativas com tais forças. O sentido político do 25N75 mede-se também por este ponto de chegada.
Do lado do proletariado, a lição está à vista: o país transformou-se e progrediu, as liberdades políticas foram efectivas, a vida diária do povo melhorou enquanto a iniciativa política pertenceu às massas populares, enquanto a acção colectiva acossava o patronato e o regime político, enquanto a autonomia face ao poder instalado dava passos. Não pode haver mudança no rumo do país sem que o proletariado se assuma como força política independente e actuante. Sem isso, é o que hoje se vê.
Artigos relacionados: 25, o deles e o nosso (2019) – 25 de Abril, uma querela distorcida (2021) – Alguém traiu o 25 de Abril? (2008)
Comentários dos leitores
•leonel l. clérigo 30/11/2023, 17:36
QUE FUTURO PARA PORTUGAL?
NOTA INICIAL
Um Golpe de Estado "judiciário" - um LAWFARE à maneira "doce" do General Charles Dunlap dos USA, um claro "progresso humanitário" ao estilo do de Salvador ALLENDE" -, meteu recentemente no lixo uma "maioria absoluta" decidida DEMOCRATICAMENTE pelo "ELEITORADO" TUGA. E convenhamos, é coisa que não se encontra ao virar da esquina.
Não deixa isto de ser curioso: os representantes Políticos do nosso PODER BURGUÊS andam fortemente desavindos. Mau sinal: coisa grave está para acontecer, permanecendo ainda escondida no bolso dos "notáveis".
Mas algo parece certo: há uma CRISE SOCIAL PROFUNDA à vista e o MUNDO não mais poderá ser igual ao do passado recente.
A Divisão do Planeta em um punhado de "PAÍSES RICOS" (onde se destaca o G7) e uma grande maioria de PAÍSES POBRES, vem mostrando há muito ser uma fonte de CONFLITOS sem fim à vista.
Mas o pior não é isso: são esses PAÍSES RICOS do CAPITALISMO que, de alguma forma, nos vêm impedindo - com suas "esmolas" e "cantigas de amigo" - o DESENVOLVIMENTO dos inúmeros PAÍSES POBRES. PORTUGAL é um bom exemplo de como se tem vindo a BLOQUEAR o nosso DESENVOLVIMENTO, lançando o País nos braços dum SUBDESENVOLVIMENTO sem fim à vista.
1 - Iremos ter ELEIÇÕES para o princípio do ano que vem. E o texto acima de MR procura antecipar-se mostrando, sucintamente, o percurso dos 50 anos pós-25 de ABRIL. Separa MR e claramente, o CONTEÚDO do curto período de cerca de ano e meio que vai do 25 de Abril de 74 ao 25 de Novembro de 75, contrapondo-o - no CONTEÚDO - ao 25 de Novembro e à sua eterna continuidade de "pobrezinho das barracas" e até aos dias de HOJE.
Visto à distância e em minha fraca opinião, julgo não ser muito clara a diferença entre os dois períodos: o curtíssimo 25A e o longo 25N mais seus "antagonismos". A ausência de um PROGRAMA CONCRETO de ATAQUE ao nosso SUBDESENVOLVIMENTO - agudizado após a perda da "muleta" do IMPÉRIO - parece ser comum aos dois: tudo indica que "nenhum dos lados" sabia como tirar PORTUGAL deste "atoleiro" e, claramente, quando o PROGRA do MFA chegou, só trazia no bolso - além da inevitável descolonização - um DESENVOLVIMENTO sem CONTEÚDO.
A um dos poucos conhecedores de hoje da nossa INDÚSTRIA - Henrique Neto - tenho que dar razão. Ele não hesitou em colocar no "Jornal de Leiria": enquanto "... os portugueses viverem na mentira e não souberem avaliar a realidade passada e as probabilidades futuras, não sairão da cepa torta". Um comentário "bem achado" para se poder separar o "trigo do joio": os aldrabões do "faz de conta" - reis do esbracejar e do palavreado - dos interessados em resolver os REAIS problemas do PAÍS.
2 - Quanto a mim julgo, no meu fraco entendimento, que a QUESTÃO é mais profunda: é minha convicção que a BURGUESIA TUGA já se tornou incapaz de encontrar SOLUÇÃO para os MALES que afetam a nossa SOCIEDADE continuando a manter as nossas gentes de "cinto bem apertado". Isso é claríssimo na "conversa fiada" das instituições PARTIDÁRIAS.
É costume dizer-se nos "meios adequados" que, quando essa incapacidade passa a ser "traço característico" duma CLASSE DOMINANTE, é de "bom senso" começar a pensar em "reformá-la" ou "metê-la no lixo". E pegando no final da frase de Henrique Neto, podemos avançar: para que nos serve uma CLASSE BURGUESA que há muito fracassou na tarefa de nos tirar da "CEPA TORTA"?
(O analfabetismo demagógico dos nossos "DIRIGENTES" teve recentemente mais um "exemplo" na "proposta" do Sr. Montenegro sobre o CSI. Efectivamente, há que explicar de modo claro porque NÃO SE PODE DISTRIBUIR O QUE NÃO SE PRODUZ. É a PRODUÇÃO a Prioridade. SOCIALISMO "da miséria" é rábula da propaganda Burguesa. Miséria existe, essencialmente e "a potes", no mundo do CAPITALISMO.
3 - Um AVISO À NAVEGAÇÃO
Julgo que os meus compatriotas deveriam dar mais atenção ao que dizem, efectivamente, os PARTIDOS - todos eles! É raro - duma maneira ou de outra - o que se aproveita daquilo que propagandeiam. E, sobretudo, veja-se com atenção o que estão a prometer: não seja, como se dizia no meu tempo "uma galinha gorda por vinte cinco tostões", como o fez agora o Sr. Montenegro e Companhia.
É meu entendimento que o esforço para se clarificar aldrabices é grande, sobretudo para aqueles que chegam a casa ao fim de um dia de trabalho árduo. Mas certo, é que não nos devemos fiar no que se "difunde" na COMUNICAÇÃO SOCIAL. Já há muito - depois de comprada pelos "gordos" da Economia - que ela está "do lado de lá" (nas "conveniências" duma minoria) e não "do lado de cá" (nas necessidades da maioria).
•antonio alvao 7/12/2023, 23:10
Na noite de quarta para quinta, a RTP-2, das 2h e tal, até às 4h (madrugada,) passou um filme documentário sobre o anarco-sindicalismo em Portugal, com o titulo de: Emídio Santana, a voz da resistência ao anarquismo, com a participação de
vários comentadores: historiadores, políticos e alguns anarco-sindicalistas, que vai desde Emídio Santana a João Freire: Os interessados, se os seus televisores der para recuar, têm uma oportunidade de conhecer melhor a historia do movimento-operário, em Portugal.
historiadores, políticos e alguns anarco-sindicalistas, desde Emídio Santana a João Freire.
Quem quiser saber mais sobre o movimento operário, e se os televisores derem