Arquivo: Janeiro 2020

Não é o poder militar do Irão que assusta os EUA

Manuel Raposo — 27 Janeiro 2020

A crise que os EUA abriram com o Irão, levada pela quadrilha de Trump à beira da guerra, não tem nada a ver com o apregoado “perigo” de os iranianos fabricarem uma bomba atómica. Não é que eles não desejassem tê-la — ou que não merecessem tê-la (dizemos nós) para mais eficaz defesa da sua independência, como o caso da Coreia do Norte parece provar. A sanha dos EUA tem outras razões. O que está em causa é o facto de o Irão, nos 40 anos de independência que leva já desde a revolução de 1979, se ter tornado um país livre da tutela imperialista, quer de norte-americanos quer de europeus. Esse é que é o óbice.


Zeloso ministro, zeloso governo

Manuel Raposo — 18 Janeiro 2020

O ministro dos Negócios Estrangeiros, Santos Silva (e, com ele, o Governo), não se atreveu a abrir a boca quando os EUA, num acto de terrorismo de Estado, em violação de todas as normas internacionais, assassinaram em 3 de Janeiro o general iraniano Qassim Suleimani — que ia negociar um acordo de paz com a Arábia Saudita.

O ministro (e, com ele, o Governo) deixou assim de lado todos os preceitos das relações internacionais que, noutras circunstâncias, jura defender, como seja a Carta das Nações Unidas, que Portugal está obrigado a respeitar e fazer respeitar.

Santos Silva, sem vergonha, atreveu-se a abrir a boca dias mais tarde, a 8 e 10 de Janeiro, para condenar a retaliação do Irão contra bases dos EUA no Iraque. O acto de guerra criminoso dos EUA foi, portanto, coisa pacífica para o ministro. Mas a resposta, legítima, esperada, previamente anunciada e sem efeitos letais do Irão foi inaceitável.


EUA ameaçam guerra generalizada

Sara Flounders (*) — 9 Janeiro 2020

Esta nova década inicia-se com ameaças abertas de barbárie por parte dos EUA. Mas, ao mesmo tempo, os sinais que vêm do Médio Oriente (e de outras partes do mundo) dão conta de uma ampla resistência de milhões de pessoas, fartas de tiranias e de más condições de vida. Resistência essa que não parece já episódica e de propósitos limitados, mas que sugere o germinar de novas ondas de lutas de massas de maior alcance. Não sendo, na maioria, expressamente anti-imperialistas e anticapitalistas, têm contudo como alvo objectivo a dominação das grandes potências (nomeadamente os EUA) e o descalabro a que o capitalismo conduziu o mundo. São por isso potencialmente revolucionárias.


E não se pode chumbá-lo?

António Louçã — 6 Janeiro 2020

A chantagem de António Costa para impor um orçamento anti-popular é, mais uma vez, o papão da direita, que voltaria ao poder se a esquerda votasse contra. Voltaria mesmo? Seria precisa muita ingenuidade e cobardia política para acreditar nesse automatismo e capitular perante a chantagem. A alternativa é a luta, que pode perder-se, mas que se perde sempre quando não se tenta.