Porto resistente

Pedro Goulart — 29 Outubro 2013

elescomemtudoEm 19 Outubro, dezenas de milhares de trabalhadores atravessaram a Ponte do Infante a pé, desfilaram pelas ruas do Porto e concentraram-se na Avenida dos Aliados. Durante o protesto organizado pela CGTP os manifestantes condenaram veementemente o Orçamento para 2014 e as políticas do governo, exigindo demissão deste. Aqui, ao contrário de Lisboa, não foi colocado qualquer obstáculo à passagem dos manifestantes a pé em cima de uma ponte.

Apesar da deslocação de milhares de trabalhadores dos distritos de Braga, Bragança, Viana do Castelo, Vila Real e Aveiro, o forte dos manifestantes provinha do concelho do Porto, assim como dos concelhos vizinhos. Além dos manifestantes da CGTP, estavam presentes trabalhadores de sindicatos independentes e outros não sindicalizados. Assim como vários militantes políticos de esquerda.

Foi, efectivamente, uma grande manifestação de resistência das classes trabalhadoras do Norte, particularmente do Porto. Embora haja ainda muito a fazer neste campo.

Concerto sob o signo de José Afonso

Por outro lado, no dia 20, por ocasião do 26.º aniversário da Associação José Afonso, e também no Porto, realizou-se um magnífico concerto na Casa da Música, com a sala Suggia esgotada.

Enquanto Há Força foi um tributo ao autor de Grândola Vila Morena e teve a direcção musical de Guilhermino Monteiro (ex-Coro da Academia de Amadores de Música de Lisboa e, actualmente, director artístico do coro Vox Populi e do grupo vocal Canto Décimo), assim como a apresentação do conhecido actor António Capelo.

O concerto contou ainda com a participação de: Coro Vox Populi, Grupo AL-DUFFeiras, Grupo Vocal Canto Décimo, Grupo Vozes Ao Alto (projecto surgido em 2012, para participar na manifestação Que se Lixe a Troika!), João Afonso, Francisco Fanhais, Rogério Pires, João Lóio (antigo membro do GAC – Grupo de Acção Cultural Vozes na Luta), Regina Castro, Manuel Freire (conhecido intérprete de Pedra Filosofal, de António Gedeão), Orquestra Ligeira de S. Pedro da Cova, Rui Pato (íntimo colaborador de José Afonso), Uxia (Galiza) e Sérgio Tannus.

Pelos níveis musical e de organização demonstrados, pela participação e o entusiasmo de uma sala inteira, bem pode dizer-se que este foi um excelente espectáculo contra a falta de memória de alguns e o acomodamento de muitos. Constituiu, sem dúvida, um importante acto de resistência ao actual poder prepotente e nauseabundo de um capitalismo putrefacto.


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