Arte comprometida com o destino dos povos

Manuel Monteiro — 19 Março 2008

eurico-carrapatoso_72dpi.jpgEstreou ontem, dia 18 de Março, no Centro Cultural de Belém, a obra musical “Stabat Mater”, versão do compositor português Eurico Carrapatoso. O texto é sobre a dor de uma mãe (a mãe de Cristo).
Em entrevista dada ao Diário de Notícias, e em declarações à Antena 2 da RDP, Eurico Carrapatoso assinalou “a actualidade da mensagem, porque há muitas mães dolorosas”, referindo “as que continuam a perder os filhos em conflitos armados”. E concretiza: “as mães iraquianas que perderam milhares de filhos desde o início da intervenção norte-americana, um crime horrendo de mutilação e assassínio bárbaro”.

Carrapatoso, ainda na entrevista ao DN, diz que, com esta obra, “quis exorcizar os fantasmas que pairavam sobre mim desde aquela invasão e como desagravo da insustentável e abjecta leveza de ser dos ocidentais e da forma leve como digerem os seus crimes”.

É de notar que é a primeira vez que o autor sai do campo estritamente artístico para envolver uma obra sua num conflito sangrento. “Achei necessário, foi um ímpeto fazer esta leitura e esta dedicatória tão política e ultrapassar o lado só artístico-cultural”.
A arte é isto: mesmo sob uma aparência místico-religiosa, os grandes criadores encontram sempre formas de exprimirem os anseios da humanidade, condenando os poderosos e os seus crimes.


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