Protestos da população negra, farta de esperar por melhores condições de vida

6 Setembro 2007

Bairro de lata no SowetoAs violentas manifestações que têm ocorrido na África do Sul, nomeadamente nos bairros pobres da zona do Soweto, são o sinal de que está a acabar-se a paciência das populações negras, que não vêem melhoras nas suas condições de vida. A 3 de Setembro, os confrontos com a polícia causaram um morto. Os manifestantes reclamavam habitação condigna, esgotos, água e electricidade – coisas que continuam a faltar à maioria do negros.
Para assegurar que a transição do apartheid para a democracia se fizesse sem crise económica (havia o receio de sabotagem por parte dos brancos que dominavam o aparelho produtivo), a população africana foi sacrificada no processo de independência. O domínio branco manteve-se, apesar da mudança política; e entretanto constituiu-se, a par da burguesia branca, uma classe de capitalistas negros.
O ANC de Nelson Mandela, que liderou a luta contra o apartheid, apoiado num forte movimento de massas que sofreu todas as barbaridades do regime branco, vê-se hoje acusado de não corresponder às legítimas exigências de uma população de milhões de pessoas (cerca de 35 milhões num total de 43 milhões) que continuam pobres por serem negras.
O processo de derrube do apartheid, que assumiu na época a feição de uma luta nacional pela liberdade das populações africanas, transforma-se gradualmente numa luta de raiz social – das classes trabalhadoras, maioritariamente negras, contra o capitalismo branco-e-negro sul-africano.


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