O que se pode tirar do 10 de março

Manuel Raposo — 30 Março 2024

Os excluídos do “milagre económico”. Manifestação em Lisboa, janeiro de 2024

O resultado das eleições de 10 de março não pode ser entendido sem olhar para os frutos do acordo governativo de 2015 e para o que sucedeu nas eleições de 2019 e 2022. Em março passado deu-se o desenlace de um curso político já evidenciado nos últimos cinco anos – e não a inesperada “viragem à direita” que todos os comentários (inclusive da esquerda parlamentar) afectaram ver com surpresa. Os factores que produziram a vitória da direita, considerada em conjunto, e o apagamento da esquerda parlamentar estavam anunciados desde o final do primeiro governo de António Costa.


EUA assentam arraiais em Gaza. Para quê?

Editor / Monica Moorehead / Manlio Dinucci — 21 Março 2024

“Escrevi os nomes dos meus filhos nos corpos deles. Ao menos, serão identificados antes de serem enterrados”

O frenesim diplomático do governo norte-americano a respeito da Palestina só pode ser visto como uma cortina de fumo. O genocídio sem disfarce que está a ter lugar em Gaza arruína a imagem dos EUA no Médio Oriente e em todo o mundo. Mas, mesmo assim, o imperialismo não pode prescindir do aliado israelita. Por isso, os EUA, ao mesmo tempo que não desfalecem no envio de armas para Israel, promovem uma irrisória campanha dita “humanitária” de socorro à população faminta de Gaza com o único fito de salvar a face.


Artistas europeus querem Israel fora da Eurovisão

Editor / Fausto Giudice — 20 Março 2024

“Não ao genocídio”. Acção em frente à sede da NRK, a emissora pública norueguesa em Marienlyst (Oslo) em janeiro.

O festival da canção da Eurovisão não é, seguramente, um campo de batalha de primeiro plano. Mas porque há-de Israel ter mais um palco oferecido à sua propaganda, como se o estado sionista fosse uma entidade normal, e como se o genocídio em Gaza não estivesse a acontecer? E por que hão-de as autoridades europeias mais uma vez dar largas à sua revoltante hipocrisia, a pretexto de que não misturam cultura(?) com política?


8 de Março: Honra às mulheres da Palestina!

8 Março 2024

Mulher palestina com os filhos feridos no bombardeamento do hospital Al-Shifa, Gaza, outubro 2023.

Dos mais de 30 mil palestinos mortos por Israel em Gaza desde 7 de outubro, três quartos são mulheres e crianças. Cinquenta mil mulheres grávidas aguardam por dar à luz e, se precisarem de cesarianas, terão de as suportar sem anestesia. As mulheres e as crianças não são vítimas casuais da acção da tropa israelita: os propósitos de limpeza étnica e de genocídio têm como alvo a jovem geração palestina e as mulheres que a mantêm e reproduzem.


Conhecer alguns dos apoios do Chega

Editor / Redes Sociais — 7 Março 2024

Ventura sem máscara. Manifestação do Chega em Lisboa, 2021

Quem apoia e financia o Chega merece ser nomeado. Não que o mesmo não deva ser feito com todos os demais partidos, mas a capa de virtude saneadora com que se cobre o dr. Ventura é, na situação presente, um logro que tem de ser revelado. Sabe-se, por exemplo, das formas enviesadas como o CDS chegou a ser financiado, sabe-se que os grandes grupos empresariais repetem abundantes e regulares donativos ao PSD e ao PS. A marca dos interesses de classe que se perfilam por trás destes apoios é clara, mesmo se pouco divulgados. 


O currículo escondido do dr. Ventura

Editor / Redes Sociais — 4 Março 2024

CMTV, programa “Pé em riste”, 2019. Um tirocínio político feito em discussões de tasca à roda do futebol

Nem tudo o que circula nas redes sociais é de desprezar. A denúncia a que damos publicidade ganha em ser conhecida precisamente porque não assenta em afirmações gratuitas. As fontes que cita, e que o leitor pode consultar, permitem avaliar o fundamento do que é dito – justamente o contrário do tipo de arrazoado próprio de chefe de claque que caracteriza o dr. Ventura. O personagem, que se apresenta como o mais impoluto dos políticos e braço armado de uma “limpeza” na vida pública do país, tem afinal um passado e um presente, no mínimo, duvidosos. Merece por isso ser conhecido naquilo que tenta esconder. 


Para uma identificação dos partidos como forças de classe

Manuel Raposo (com M.C.) — 26 Fevereiro 2024

Manifestação contra o racismo. Lisboa, 24 fevereiro 2024

O jargão parlamentar e comunicacional impôs na opinião pública uma identificação das forças partidárias segundo critérios de tipo topográfico (esquerda, direita, centro) ou de tipo comportamental (extremista, radical, moderado) que na verdade pouco ou nada nos dizem sobre a sua natureza política. Importa lembrar que os partidos, todos eles, representam classes sociais, mesmo quando a ligação entre aqueles e estas se mostra obscura e difícil de estabelecer. Apagar esta matriz significa esconder os interesses de classe que se alinham nas políticas das diversas forças partidárias, não apenas no que por elas é proposto, mas também no que respeita à sua acção prática.


Imperialismo, questão central do nosso tempo

Editor / Prabhat Patnaik — 11 Fevereiro 2024

A quebra da hegemonia do bloco imperialista é sinal de que se abre uma nova época de revoluções sociais

O centésimo aniversário da morte de Lenine, completado a 21 de Janeiro deste ano, foi ocasião para recordar, entre outros assuntos, a importância teórica e política do tema Imperialismo. Tanto mais quanto o estado de guerra permanente em que o mundo se vê envolvido se acentua a olhos vistos – na Ucrânia, na Palestina, no Próximo ou no Extremo Oriente. O marxista indiano Prabhat Patnaik trata do assunto, a nosso ver, com duplo mérito: recorda de forma concisa o inovador contributo de Lenine e, do mesmo passo, não deixa de alertar para as mudanças entretanto ocorridas no mundo, exortando-nos a desbravar terrenos que são cruciais para a afirmação do socialismo no nosso tempo.


Israel: a veia genocida do imperialismo, hoje

Manuel Raposo — 15 Janeiro 2024

Biden com Netanyahu em Telaviv em dezembro de 2023. Apoio incondicional

O que se tem visto desde outubro em Gaza e na Cisjordânia é a execução do plano de há muito alimentado pelo ideário sionista de liquidar ou expulsar toda a população árabe e tomar conta de toda a Palestina como território de Israel. Estes propósitos estão expostos à luz do dia e sem reservas. Os métodos brutais, aplicados sem qualquer restrição, também. Ninguém pode dizer que não sabe, não vê ou não acredita. Os actos de Israel, contudo, não são apenas de Israel e de uma clique sionista, extremada e ocasional: eles espelham o cariz do imperialismo de hoje e dos métodos a que deita mãos sem hesitar.


O nazi-sionismo por ele próprio

Editor / Law for Palestine — 8 Janeiro 2024

Cemitério de Deir Al-Balah, Gaza, 23 de outubro

Uma chave, se ainda fosse precisa, para entender o que se passa em Gaza está nas palavras do próprio presidente israelita Isaac Herzog. Disse ele em 10 de outubro passado: “Não há civis inocentes em Gaza”. Estas mesmas palavras foram repetidas um mês depois por Avigdor Liberman, deputado, ex-ministro e ex-vice-primeiro-ministro. Muitas outras declarações do mesmo teor e piores, e actos criminosos da tropa israelita podem ser encontradas numa recolha feita pela organização Law for Palestine, uma organização de defesa de direitos humanos sediada em Manchester, com o fim de reunir dados que incriminem os responsáveis políticos e militares israelitas.


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