Direita boliviana conspira contra o governo de Evo Morales
A embaixada dos EUA organiza a divisão da Bolívia
Manuel Raposo — 6 Maio 2008
As forças da direita boliviana – empresários, banqueiros e grandes proprietários – movem contra o regime do presidente Evo Morales uma acção subversiva que procura travar o processo de nacionalizações e de reformas populares. Esta oligarquia, com o apoio dos EUA, reclama a autonomia em quatro das nove províncias (departamentos) do país, não por acaso as mais ricas.
No departamento de Santa Cruz realizou-se no dia 4 de Maio um referendo, inconstitucional, para ratificar a autonomia, antes aprovada na assembleia do departamento. Mais três departamentos, Tarija, Beni e Pando, pretendem fazer o mesmo em Junho.
Esta iniciativa procura antecipar-se ao referendo nacional sobre a nova constituição do país. A oligarquia boliviana procura assim ganhar localmente o que não consegue obter em escrutínio nacional, dado o forte apoio da população mais pobre à política de Evo Morales.
O objectivo dos autonomistas é retirar poderes ao governo central, nomeadamente criando nos departamentos estruturas de polícia próprias e arrecadando largas parcelas das taxas aplicadas ao petróleo e gás natural com as quais Morales tem financiado projectos de apoio às populações pobres. Os autonomistas colocam assim em causa a repartição dos rendimentos nacionais de acordo com as necessidades das diversas regiões do país, cujos recursos são desiguais.
Os grandes proprietários, que detiveram o poder durante 185 anos, desde a independência do país, nunca se preocuparam com a autonomia como agora. As razões estão na subida ao poder de um presidente indígena largamente apoiado pelos pobres. E à medida que as decisões do governo central lhes vão sendo desfavoráveis – em 1 de Maio Morales decretou a nacionalização da Empresa Nacional de Telecomunicações e anunciou a compra à Repsol de 51% da companhia petrolífera Andina – vai crescendo a conspiração.
Evo Morales apontou explicitamente o envolvimento da embaixada dos EUA, acusando-a de estar a organizar o processo de divisão da Bolívia. É esta mesma conspiração que um vasto grupo de personalidades e activistas de várias nacionalidades – entre as quais Adolfo Pérez Esquivel (Argentina); Rigoberta Menchú (Guatemala); Noam Chomsky (EUA); Oscar Niemeyer (Brasil); Eduardo Galeano (Uruguai); Ignacio Ramonet (Espanha/França); Elena Poniatowska (México); Frei Betto (Brasil); Ernesto Cardenal (Nicarágua); Ramsey Clark (EUA) – denuncia num abaixo assinado que circula na internet e que divulgamos a seguir.
Petição
A conspiração para dividir a Bolívia tem de ser denunciada
A situação na Bolívia é mais grave de dia para dia. É nosso dever apoiar o presidente Evo Morales assinando e divulgando esta petição. Pode enviar o seu apoio para cabohorquez@gmail.com ou para yamp@min.cult.cu.
O processo de mudanças a favor da maioria do povo boliviano está em risco de ser brutalmente travado. A subida ao poder de um presidente indígena com um apoio sem precedentes neste país e os seus programas de benefícios populares e de recuperação dos recursos naturais teve de enfrentar as conspirações da oligarquia e a interferência dos EUA logo desde o princípio. Recentemente, o crescimento da conspiração atingiu o clímax. As acções subversivas e inconstitucionais dos grupos oligárquicos tentando dividir a nação boliviana reflectem a mentalidade racista e elitista destes sectores e constituem um precedente muito perigoso não apenas para a integridade da Bolívia mas também para outros países na nossa região.
A História mostra com larga eloquência as terríveis consequências que têm para a humanidade os processos divisionistas e separatistas apoiados e induzidos por interesses estrangeiros.
Confrontados com esta situação, os abaixo assinados expressam o seu apoio ao governo de Evo Moales Ayma pelas suas políticas de mudança e ao processo constituinte soberano do povo boliviano. Ao mesmo tempo, rejeitamos o chamado Estatuto de Autonomia de Santa Cruz por ser inconstitucional e por atentar contra a unidade de uma nação da nossa América.
A petição pode ser assinada em www.todosconbolivia.org
Comentários dos leitores
•Rita Moura 7/5/2008, 19:27
A petição pode ser assinada em www.todosconbolivia.org