O que fazem as tropas portuguesas no Afeganistão? E quem as paga?

29 Janeiro 2010

afegansantossilva_web.jpgA Plataforma Anticapitalista divulgou um comunicado em que protesta contra o envio de tropas portuguesas para o Afeganistão. Com efeito, no passado dia 25, seguiram para aquele país 20 militares, de um contingente de 150, que vão reforçar as tropas que prestam colaboração às unidades da NATO desde 2005. Actualmente, estão no Afeganistão 103 militares, dos três ramos das Forças Armadas, em funções logísticas, de apoio médico, de controlo de tráfego aéreo. Mas, a partir de agora, o contingente português (que em Fevereiro atingirá os 250 militares) passa a integrar uma força de reacção rápida destinada ao combate. A colaboração prestada pelas autoridades portuguesas à agressão iniciada pelos EUA em 2001 deixa, assim, de estar coberta como véu da “ajuda à pacificação do país” e passa a tomar parte, directamente, nos crimes que estão a ser cometidos contra os resistentes e as populações civis. É o resultado da fidelidade com que o governo e demais autoridades do Estado – aplaudidos pelo PSD e pelo CDS – têm correspondido às exigências dos EUA.
De facto, os norte-americanos reclamaram aos seus aliados, no final do ano passado, mais 5 mil homens. Em resposta, o ministro da Defesa Santos Silva disse, em Dezembro, sem sinal de vergonha na cara, que “a porta portuguesa em relação às obrigações e solidariedade com os aliados está sempre aberta”.

Reproduzimos o texto do comunicado da Plataforma Anticapitalista.

O QUE FAZEM AS TROPAS PORTUGUESAS NO AFEGANISTÃO? E QUEM AS PAGA?

No dia 25 de Janeiro, partiu para o Afeganistão mais um contingente de tropas portuguesas que vai render e reforçar, aumentando-o para o dobro, o destacamento que ali permanece desde 2005.

Porque falta sempre dinheiro para melhorar pensões, salários, saúde pública e educação – e não falta para enviar e manter tropas no estrangeiro?
O governo cozinhou, com o CDS e o PSD, um orçamento que congela salários, mantém milhares de desempregados sem subsídio e não aponta uma medida sequer para travar os despedimentos.
Ao mesmo tempo, insiste em manter tropas e polícias fora das fronteiras e prepara-se para aumentar o orçamento da Defesa com o aplauso de Portas e Ferreira Leite. Nisto, todos se puseram de acordo sem precisarem de negociações – basta tirar a quem trabalha e dar a quem parasita.

Que fazem os soldados portugueses no Afeganistão?
Colaboram numa guerra alheia, iniciada por Bush e prolongada por Obama. A missão da NATO, em que as forças portuguesas se integram, é apenas o chapéu-de-chuva que presta auxílio à agressão norte-americana.
Os EUA invadiram o Afeganistão em 2001 com o pretexto de combaterem o terrorismo e defenderem a segurança do mundo.
Quase nove anos depois, tudo piorou no Afeganistão: produção e tráfico de droga, corrupção, fraudes eleitorais, miséria generalizada. Diante de uma resistência imparável, o terror maciço é a arma das forças de ocupação, que bombardeiam populações civis e as privam de tudo o que é essencial.
A segurança mundial está mais ameaçada: a guerra alastrou ao Paquistão e uma nova agressão está em curso contra o Iémen.

As justificações das autoridades portuguesas não servem
Governo e demais autoridades justificam-se com os compromissos assumidos no quadro da NATO. Mas o que está em causa é uma total dependência diante dos interesses dos EUA e das potências europeias; um atropelo dos direitos dos povos; e um completo desprezo pelos reais interesses da população portuguesa.
A agressão ao Afeganistão (como ao Iraque e à Jugoslávia) viola o direito internacional e a Constituição portuguesa; e faz tábua-rasa do repúdio do povo português pela guerra.
Se os compromissos com a NATO, como se vê, nos arrastam para a guerra, então devemos abandonar a NATO e reclamar a sua dissolução.

Por isso, exortamos o povo português
– A exigir a retirada das tropas portuguesas do Afeganistão e de todas as missões da NATO; o fim da ocupação do Afeganistão; a dissolução da NATO.
– A rejeitar a linha política seguida pelos governos e autoridades portuguesas e a reclamar a adopção de uma política que defenda o direito internacional e respeite a soberania dos povos.
– A repudiar a realização da Cimeira da NATO prevista para Novembro no nosso país.

Plataforma Anticapitalista

Colectivo de Comunistas Revolucionários
Colectivo Mudar de Vida
Colectivo Política Operária

25 de Janeiro de 2010


Comentários dos leitores

João Tiago 29/1/2010, 19:09

Olá, a plataforma anticapitalista tem algum website?


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